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quinta-feira, 11 de maio de 2023

A MEDIUNIDADE

 O Que é Mediunidade

Chama-se mediunidade o conjunto de faculdades que permitem ao ser humano comunicar-se com o mundo invisível.

(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pág. 155)

Espíritos e Médiuns – Leon Denis Cap. III

Qual a verdadeira definição da mediunidade?

A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso da Terra.
A missão mediúnica se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos.

Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.

(O Consolador - Emmanuel - Pergunta 382)


Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da Natureza material, outorgou Deus ao homem a vista corpórea, os sentidos e instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha o olhar nas profundezas do espaço, e, com o microscópio, descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar no mundo invisível, deu-lhe a mediunidade."

(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XXVIII, nº 9)


Mediunidade, pois, é meio de comunicação entre o mundo espiritual e o mundo físico.

Convivência e intercâmbio.

Desenvolvimento e aplicação das potencialidades divinas. "Vós sois Deuses, disse Jesus".

(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 2)


Mediunidade, em termos gerais, é oportunidade para que o Espírito se reabilite de enganos do pretérito.

Poucos médiuns - muito pouco mesmo - são missionários.

A maioria, constituída de almas que faliram, estão tentando subir o monte da redenção, pelo trabalho mediúnico, sustentada na oração."

(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Pág. 92)


"Mediunidade, em boa sinonímia, é, sobretudo, sintonia, afinidade."

(Emmanuel)

Todos Nós Somos Médiuns?

A mediunidade não é exclusiva dos chamados "médiuns". Todas as criaturas a possuem, porquanto significa percepções espirituais, que deve ser incentivada em nós mesmos. Não bastará, entretanto, perceber. É imprescindível santificar essa faculdade, convertendo-a no ministério ativo do bem. A maioria dos candidatos ao desenvolvimento dessa natureza, contudo, não se dispõe aos serviços preliminares de limpeza do vaso receptivo. Dividem, inexoravelmente, a matéria e o espírito, localizando-os em campos opostos, quando nós, estudantes da verdade, ainda não conseguimos identificar rigorosamente as fronteiras entre uma e outro, integrados na certeza de que toda a organização universal se baseia em vibrações puras."

(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pág. 149)


É justo considerarmos todos os homens como médiuns?

Todos os homens têm o seu grau de mediunidade, nas mais variadas posições evolutivas, e esse atributo do espírito representa, ainda, a alvorada de novas percepções para o homem do futuro, quando, pelo avanço da mentalidade do mundo, as criaturas humanas verão alargar-se a janela acanhada dos seus cinco sentidos.

(O Consolador - Emmanuel - Pergunta 383)


Médiuns são pessoas aptas a sentir a influência dos Espíritos e a transmitir os pensamentos destes. Toda pessoa que, num grau qualquer, experimente a influência dos Espíritos é, por esse simples fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui privilégio exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuam um rudimento de tal faculdade. Pode-se, pois, dizer que toda gente, mais ou menos, é médium. Contudo, segundo o uso, esse qualificativo só se aplica àqueles em quem a faculdade mediúnica se manifesta por efeitos ostensivos, de certa intensidade.

(Obras Póstumas - Allan Kardec - FEB - Pág. 57)


A maioria dos homens habituou-se a crer que médium só o é aquele que, em mesa específica de trabalhos mediúnicos, psicografia ou fala, ouve ou vê os Espíritos, alivia ou cura os enfermos.

O pensamento geral, erroneamente, difundido além-fronteiras do Espiritismo, é de que médium somente o é aquele que dá passividade aos desencarnados, oferecendo-lhes a organização medianímica para a transmissão da palavra falada ou escrita.
Em verdade, porém, médiuns somos todos nós que registramos, consciente ou inconscientemente, ideias e sugestões dos Espíritos, externando-as, muita vez, como se fossem nossas."

(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 7)


Sempre se há dito que a mediunidade é um dom de Deus, uma graça, um favor. Por que, estão, não constitui privilégio dos homens de bem e por que se veem pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela usam mal?

Todas as faculdades são favores pelos quais deve a criatura render graças a Deus, pois que homens há privados delas. Poderias igualmente perguntar por que concede Deus vista magnífica a malfeitores, destreza a gatunos, eloquência aos que dela se servem para dizer coisas nocivas. O mesmo se dá com a mediunidade. Se há pessoas indignas que a possuem, é que disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem. Pensas que Deus recusa meios de salvação aos culpados? Ao contrário, multiplica-os no caminho que eles percorrem; põe-nos nas mãos deles. Cabe-lhes aproveitá-los. Judas, o traidor, não fez milagres e não curou doentes, como apóstolo? Deus permitiu que ele tivesse esse dom, para mais odiosa tornar aos seus próprios olhos a traição que praticou.

(O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Cap. XX)


Há quem se admire de que, por vezes, a mediunidade seja concedida a pessoas indignas, capazes de a usarem mal. Parece, dizem, que tão preciosa faculdade deverá ser atributo exclusivo dos de maior merecimento.
Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar. Ora, nenhuma há de que o homem, por efeito do seu livre-arbítrio, não possa abusar, e se Deus não houvesse concedido, por exemplo, a palavra senão aos incapazes de proferirem coisas más, maior seria o número dos mudos do que o dos que falam. Deus outorgou faculdades ao homem e lhe dá a liberdade de usá-las, mas não deixa de punir o que delas abusa.

Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir. Não são estes últimos os doentes que necessitam de médico? Por que o privaria Deus, que não quer a morte do pecador, do socorro que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de modo mais vivo, do que se os recebesse indiretamente."

(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XXIV)

 


Quando Surge a Mediunidade?

O surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade, condição social ou sexo.

Pode surgir na infância, adolescência ou juventude, na idade madura ou na velhice.
Pode revelar-se no Centro Espírita, em casa, em templos de quaisquer denominações religiosas, no materialista.

Os sintomas que anunciam a mediunidade variam ao infinito.

Reações emocionais insólitas.

Sensação de enfermidade, só aparente.

Calafrios e mal-estar.

Irritações estranhas.

Algumas vezes, aparece sem qualquer sintoma. Espontânea. Exuberante.
Um botão de rosa (a figura é de Emmanuel) que desabrocha para, no encanto e no perfume de uma rosa, embelezar a vida.

Desabrochando, naturalmente, a mediunidade é esse botão, tendo por jardineiro o Espiritismo, que cuidará de seu crescimento."

(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 3)

Mediunidade é Sintonia

Mediunidade é sintonia e filtragem. Cada Espírito vive entre as forças com as quais se combina, transmitindo-as segundo as concepções que lhe caracterizam o modo de ser.

(Pérolas do Além - Chico Xavier - Pág. 153)

As bases de todos os serviços de intercâmbio, entre os desencarnados e encarnados, repousam na mente, não obstante as possibilidades de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente consagrado à caridade sacrificial.

De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito.

Precisamos compreender - repetimos - que os nossos pensamentos são forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no campo espiritual.

Atraímos companheiros e recursos, de conformidade com a natureza de nossas idéias, aspirações, invocações e apelos.

Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros.

Nosso êxito ou fracasso depende da persistência ou da fé com que nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar.

Semelhante lei de reciprocidade impera em todos os acontecimentos da vida.
Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de pensamentos, com os quais nos colocamos em sintonia.

Na mediunidade, essas leis se expressam, ativas.

Mentes enfermiças e perturbadas assimilam as correntes desordenadas do desequilíbrio, enquanto que a boa-vontade e a boa intenção acumulam os valores do bem. Ninguém está só.

Cada criatura recebe de acordo com aquilo que dá.

Cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando o tipo de experiência em que situa a própria felicidade.

Estejamos, assim, convictos de que os nossos companheiros na Terra ou no Além são aqueles que escolhemos com as nossas solicitações interiores, mesmo porque, segundo o antigo ensinamento evangélico, "teremos nosso tesouro onde colocarmos o coração"."

(Roteiro - Emmanuel - Pág. 121)

Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.

(O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Perg. 459)

A assertiva dos Espíritos a Allan Kardec demonstra que, na maioria das vezes, estamos todos nós - encarnados - agindo sob a influência de entidades espirituais que se afinam com o nosso modo de pensar e de ser, ou em cujas faixas vibratórias respiramos.
Isto não nos deve causar admiração, pois se analisarmos a questão sob o aspecto puramente terrestre chegaremos à conclusão de que vivemos em permanente sintonia com as pessoas que nos rodeiam, familiares ou não, das quais recebemos influenciações através das ideias que exteriorizam, dos exemplos que nos são dados, e também que influenciamos com a nossa personalidade e pontos de vista.

Quando acontece de não conseguirmos exercer influência sobre alguém de nosso convívio e que desejamos aja sob o nosso prisma pessoal, via de regra tentamos por todos os meios convencê-lo com argumentos persuasivos de deferente intensidade, a fim de lograrmos o nosso intento.

Natural, portanto, ocorra o mesmo com os habitantes do mundo espiritual, já que são eles os seres humanos desencarnados, não tendo mudado, pelo simples fato de deixarem o invólucro carnal, a sua maneira de pensar e as características da sua personalidade.
Assim, vamos encontrar desde a atuação benéfica de Benfeitores a amigos espirituais, que buscam encaminhar-nos para o bem, até os familiares que, vencendo o túmulo, desejam prosseguir gerindo os membros do seu clã familial, seja com bons ou maus intentos, bem como aqueles outros a quem prejudicamos com atos de maior ou menor gravidade, nesta ou em anteriores reencarnações, e que nos procuram, no tempo e no espaço, para cobrar a dívida que contraímos.
Por sua vez, os que estão no plano extrafísico também se acham passíveis das mesmas influenciações, partidas de mentes que lhes compartilham o modo de pensar, ou de outras que se situam em planos superiores, e, no caso de serem ainda de evolução mediana ou inferior, de desafetos, de seres que se buscam intensamente pelo pensamento, num conúbio de vibrações e sentimentos incessantes. Essa permuta é contínua e cabe a cada indivíduo escolher, optar pela onda mental com que irá sintonizar.

Portanto, a resposta dos Espíritos a Kardec nos dá uma noção exata do intercâmbio existente entre os seres humanos, seja ele inconsciente ou não, mas, de qualquer modo, real e constante."

(Obsessão/Desobsessão - Suely Caldas Schubert - Cap. 1)

Nosso Espírito residirá onde projetarmos nossos pensamentos, alicerces vivos do bem e do mal. Por isto mesmo, dizia Paulo, sabiamente: - Pensai nas coisas que são de cima.

(Palavras de Emmanuel - Chico Xavier - Pág. 148)

Comunicação Entre o Mundo Material e Espiritual

Os Espíritos vivem, ora na Terra, encarnados, ora no espaço, desencarnados, mas, os interesses recíprocos, de toda ordem, que os unem, fazem com que se comuniquem, embora situados em planos diferentes de vibração, por meio da mediunidade, faculdade orgânica de que são dotadas todas as criaturas, em maior ou menor grau de desenvolvimento.

Há, assim, um intercâmbio ativo e contínuo de ideias e mesmo de interesses materiais, que assegura o permanente contato entre os dois mundos, prova evidente da sobrevivência do Espírito ao perecimento do corpo material, de que se servia, quando na Terra.

A vida, em verdade, é contínua, e tudo quanto apresente de grandeza ou miséria retrata, por igual, as duas comunidades, que reagem constantemente entre si, intimamente ligadas pela origem e ideais.

Coube ao Espiritismo revelar o mecanismo dessas revelações, estudando as leis que as regem, e mostrar a necessidade de submeter todas as manifestações à direção e controle de pessoas esclarecidas, estudiosas e moralizadas.

Na verdade, os encarnados sofrem verdadeiro assédio de seus irmãos do mundo espiritual, a que continuam ligados por sentimentos de amor, saudade, ódio, medo, remorso, vingança, alimentados, também, por eles, intensamente.
Nos seus diversos graus de intensidade, a atuação dos Espíritos sobre os encarnados pode acarretar-lhes, como de fato acontece, perturbações das mais sérias, agravadas por sua Invigilância e seus pensamentos negativos e pelos laços que os prendem, de vidas anteriores, aos antigos comparsas, hoje desencarnados.
Então teremos, como é sabido, as obsessões, as subjugações, as possessões, que hoje avassalam a maioria das criaturas.

Disciplinando a mediunidade, estudando e controlando os fenômenos, a que dá causa, o Espiritismo esclarece, em termos técnicos, corretos e simples, o mecanismo da comunicação entre encarnados e desencarnados, oferecendo aos homens os meios seguros de convivência com os que já partiram, mostrando-lhes como tornar proveitoso e útil esse intercâmbio.

A Doutrina Espírita nos demonstra que, segundo a lei divina do Amor, devemos ser humildes e aceitar com resignação as provas, que nos são impostas, como consequência de nossas más ações em vidas pregressas, quando, então, ofendemos irmãos que confiaram em nós e que agora procuram, em sua ignorância espiritual, cobrar aquilo a que se julgam com direito, embora ninguém possa fazer justiça pelas próprias mãos. Devemos ter fé e trabalhar, com dedicação, pelo esclarecimento desses irmãos, orando muito por eles e realizar a nossa própria reforma íntima, indispensável respaldo do nosso desejo de progresso espiritual, de nossa paz interior.
O intercâmbio com os irmãos da espiritualidade também nos proporciona ensinamentos preciosos, pelas mensagens recebidas de entidades categorizadas e que constituem advertências, conselhos, roteiros seguros para nossas vidas, sujeitos que estamos a difíceis provas, individuais e coletivas.

Não nos deixemos, porém, enganar, porque entre o mediunismo sem doutrina e a prática consciente e disciplinada da mediunidade, como comprova o Espiritismo, a diferença é muito grande, e depende de nós a escolha do meio mais adequado de mantermos o intercâmbio com os irmãos da espiritualidade, aos quais devemos levar a contribuição do nosso saber e sincero desejo de ajuda e esclarecimento quando necessitados, recebendo, outrossim, dos que estejam em condições de assim proceder, o ensino precioso de suas mensagens de consolação."

(O Espiritismo Básico - Pedro Franco Barbosa - FEB - Pág. 143)

A Mediunidade é de Todos os Tempos

Antiquíssimos, porém, são os fenômenos mediúnicos. Eles se deram em todos os tempos e em todos os povos - conforme a História comprova - , porque a mediunidade é uma faculdade inerente ao ser humano, sendo lei natural à comunicação entre os espíritos encarnados e desencarnados.

O intercâmbio mediúnico sempre esteve ligado ao serviço religioso e, a princípio, era feito apenas por iniciados, isto é, por homens ou mulheres preparados especialmente para essa atividade, através de um treinamento que, às vezes, levava dezenas de anos (pítons e pitonisas, arúspices, oráculos, adivinhos, profetas, sibilas etc.).
Desconhecendo as leis que regem os fenômenos mediúnicos, o povo os considerava maravilhosos, sobrenaturais. E quem podia produzir esses fenômenos e fazer o intercâmbio mediúnico era considerado um ser privilegiado, investido de poderes divinos.
Desse conceito se aproveitavam os sacerdotes na Índia, na Pérsia, no Egito ou em Roma, que exerciam, então, influência sobre o povo e até mesmo sobre os governantes. E, para assegurar esse poder sobre as massas, usavam não só suas faculdades mediúnicas, mas, também, as práticas mágicas e a prestidigitação."

(Estudos Sobre Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo – Campinas/SP)

Em todos os tempos houve médiuns naturais e inconscientes que, pelo simples fato de produzirem fenômenos insólitos e incompreendidos, foram qualificados de feiticeiros e acusados de pactuarem com o diabo; foi o mesmo que se deu com a maioria dos sábios que dispunham de conhecimentos acima do vulgar. A ignorância exagerou seu poder e, muitas vezes, eles mesmos abusaram da credulidade pública, explorando-a.

(O Que é o Espiritismo - Allan Kardec - Pág. 104)

A crença na aparição e manifestação dos "mortos" remonta a eras que se perdem na noite dos tempos.

Desde que o mundo existe, os Espíritos nunca deixaram de patentear aos homens a sua imortalidade.

Se remontarmos à época dos oráculos, tão venerados pela filosofia pagã, veremos o papel saliente dos profetas (médiuns) e das manifestações dos "mortos", como que exaltando o sentimento e a razão humana, para lhe descortinar as manifestações da Vida Eterna.

Era tão grande a influência da profecia sobre os povos, que estes mandavam construir os templos sobre fendas do solo, donde diziam sair exalações que davam o poder da inspiração profética.

Além do Templo de Delfos, o mais célebre de todos, pelas portentosas manifestações que procediam dos seus médiuns, destaca-se o de Júpiter Amon, na Líbia; o de Marte, na Trácia; o de Vulcano, em Heliópolis; o de Esculápio, o de Ísis e muitos outros de importância religiosa nos antigos tempos.

Os médiuns tinham, na Antiguidade, os nomes de profeta, sibila, pítia, e se purificavam pelos sacrifícios, obedientes a um regime especial. Vivendo nesses templos, onde se conservavam isolados das gentes, bebiam água inspirada e antes de subirem à tripeça mascavam folhas de louro colhidas perto da nascente de Castália.
Inúmeros eram os videntes espalhados por toda à parte, e era crença, naqueles tempos, que bastava ao indivíduo dormir num templo para adquirir esse dom.
O povo da China, cuja cronologia remonta há mais de 30.000 anos, entregava-se à evocação dos Espíritos dos avoengos.

Na Pérsia os fenômenos espíritas fizeram prosélitos. Em Acaia chegava-se a ver os Espíritos com o auxílio de um espelho que havia num poço no Templo de Ceres.
Os historiadores dizem que no Egito Antigo os sacerdotes possuíam poderes sobrenaturais: “faziam prodígios, invocavam os mortos”.

A História está repleta de fatos, que outra coisa não são que aparições e comunicações espíritas vivificando o sentimento religioso."

(Médiuns e Mediunidades - Cairbar Schutel - Pág. 28)

Os Fenômenos Mediúnicos no Velho Testamento

O Velho Testamento é um repositório de fenômenos interessantíssimos, que lembram os costumes israelitas, sua história, sua vida protegida sempre pelos Espíritos dos "mortos".

Moisés, o grande médium, libertador dos judeus escravizados à tirania do Egito, vidente, audiente e escrevente vê Jeová na sarça do Horeb e no Sinai, onde escreve as Tábuas da Lei, escuta vozes no propiciatório da Arca da Aliança e produz maravilhas que a nenhum homem ainda foi dado fazer.

Todas as grandes personalidade da Antiga Dispensação se distinguiram pelas suas faculdades mediúnicas.

José, sub-rei do Egito, comunicava-se com Espíritos, que lhe apareciam "num copo d'água", (copo mágico). Esdras, com o auxílio do Espírito reconstitui a Bíblia que se havia perdido; Samuel, Jeremias, Malaquias, Jó, Isaías, Ezequiel, Daniel, Oséias, Amós, Jonas, Miquéias, Sofonias, Naum, todos mantinham relações com os "mortos".
O Rei Saul invoca o Espírito de Samuel pela pitonisa do Endor.
Joel, tomado por um Espírito, anuncia a multiplicação dos dons mediúnicos e as manifestações dos Espíritos, com as seguintes palavras: "E há de ser que depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos velhos sonharão; vossos mancebos terão visões. E também sobre os meus servos e minhas servas naqueles dias derramarei o meu Espírito."

(Médiuns e Mediunidades - Cairbar Schutel)

No Velho Testamento vemos os profetas, videntes e audientes inspirados, que transmitem ao povo à vontade dos Guias e, de todas as formas de mediunidade parece mesmo que a mais generalizada era a de vidência.
Samuel, no Livro I, cap. 9, v. 9, assim o demonstra, quando diz: "Dantes, quando se ia consultar a Deus, dizia-se vamos ao vidente; porque os que hoje se chamam profetas chamavam-se videntes".

É já de rigor citativo a consulta feita por Saul ao Espírito de Samuel, na gruta do Endor.

As pragas que, segundo se narra, por intermédio de Moisés foram lançadas sobre o Egito; as maravilhas ocorridas com o povo hebreu no deserto, quando conduzido por esse grande Enviado, a saber: a labareda de fogo que marchava à frente dos retirantes, o maná que os alimentava; as fontes que jorravam das rochas; o recebimento do Decálogo, etc., tudo são afirmações do extraordinário poder mediúnico do grande fundador da nação judaica.

Que maior exemplo de fenômeno de incorporação que o revelado por Jeremias - o profeta da paz - quando, tomado pelo Espírito, pregava pelas ruas contra a guerra aos exércitos de Nabucodonosor! E que outro maior, de vidência no tempo, que o demonstrado por João escrevendo o Apocalipse!"

(Mediunidade - Edgard Armond - Pág. 22)

Era costume consultar os videntes sobre todos os fatos da vida íntima, sobre os objetos perdidos, as alianças, os empreendimentos de toda ordem. Lê-se em Samuel I, cap. IX, v. 9:

Dantes, quando se ia consultar a Deus, dizia-se: Vinde, vamos ao vidente. - Porque os que hoje se chamam profetas, chamavam-se videntes."

A Bíblia (IV Reis, VI, 6), nos refere que Eliseu faz vir à superfície, lançando um pedaço de madeira à água, o ferro de um machado que nela havia caído.
Da levitação, esse mesmo Eliseu transportado "para o meio dos cativos que viviam junto do rio Chobar" (Ez., III, 14, 15), e Filipe que subitamente desaparece aos olhos do eunuco e se encontra novamente em Azot (Atos, VIII, 39,40), são exemplos notáveis. A propósito de escrita mediúnica, pode citar-se a das tábuas da lei (Êxodo, XXXII, 15, 16, XXXIV, 28). Todas as circunstâncias em que essas tábuas foram obtidas provam exuberantemente a intervenção do mundo invisível.

Não menos comprovativa é a inscrição traçada, por uma mão materializada, em uma das paredes do palácio durante um festim que dava o rei Baltasar. (Daniel, cap. V).
Poder-se-ia considerar como fenômenos de transporte o maná de que se alimentam os israelitas em sua jornada para Canaã, o pão e vaso d'água, colocados ao pé de Elias, quando despertou, por ocasião de sua fuga pelo deserto (I Reis, XIX, 5 e 6) etc."

(Cristianismo e Espiritismo - Leon Denis - Pág. 285)

Os Fenômenos Mediúnicos no Novo Testamento

No Novo Testamento, desde antes do Nascimento, então as provas são ainda mais concludentes e notáveis, máxime as de mediunidade curadora, o dom das línguas, as levitações e os fenômenos luminosos.

Maria de Nazaré não viu o Espírito anunciador? Jesus não foi gerado com intervenção do Espírito Santo? E os milagres seus e dos apóstolos?
Voltando a citar Leon Denis, é dele esta pergunta: os apóstolos do Cristo foram escolhidos por serem sábios ou notáveis ou porque possuíam qualidades mediúnicas?
Esses apóstolos, como sabemos, e seus discípulos, durante o tempo de seus trabalhos, atuaram como verdadeiros médiuns, bastando citar S. Paulo e S. João, um o mais dinâmico e culto, outro o mais místico.

Que foi o Pentecostes senão a outorga de faculdades mediúnicas aos apóstolos e discípulos?
E, justamente por exercerem francamente a mediunidade, é que sabiam de seus perigos, dos cuidados que sua prática exigia, e sobre isso chamavam a atenção de seus discípulos.

São Paulo dizia: "Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" e São João ajuntava: "Caríssimos, não creiais em todos os espíritos, mas provai que os espíritos são de Deus". Advertiam, assim, contra a ação dos espíritos obsessores e mistificadores.
Era tão comum a mediunidade entre os primitivos cristãos, que instruções escritas eram enviadas às comunidades das diferentes cidades, para regular a sua prática; e essas instruções foram sendo, com o correr do tempo, enfeixadas em livros para melhor conservação."

(Mediunidade - Edgard Armond - Pág. 23)

O Apóstolo Paulo, na 1ª Epístola aos Coríntios, cap. XII lembra a diversidade de dons, e, portanto, a diversidade de operações; lembra, consequentemente, a diversidade de médiuns, e acrescenta: "A manifestação do espírito é dada a cada um para o que for útil".

No final do capítulo recomenda a todos procurarem os melhores dons, vale dizer, mediunidades, e aponta o caminho mais excelente para que sejam bons os resultados experimentais. É assim que, depois de um eloquente discurso sobre a caridade, faz realçar esta virtude em sua forma espiritualizada, ou seja, caracterizada por benevolência, tolerância, humildade, paciência, perseverança, desinteresse, condições estas de que devem revestir os médiuns.

O apóstolo citado diz em sua Carta Doutrinária: "Uns têm a palavra da sabedoria, outros da fé, outros promovem a operação de maravilhas, outros têm os dons de curar, outros a variedade de línguas, outros a interpretação das línguas, outros o DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS. (I Cor., XII, 4 a 9).

A todas essas mediunidades e a todos esses médiuns devemos acrescentar que - uma mesma mediunidade pode ser mais acentuada, mais vigorosa em uns do que em outros; a força psíquica não é sempre a mesma para todos os médiuns, que a possuem em graus diferentes."

(Médiuns e Mediunidades - Cairbar Schutel - Pág. 23)

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa onde estavam sentados; e lhes apareceram umas como línguas de fogo, as quais se distribuíram, para repousar sobre cada um deles; e todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.

E habitavam em Jerusalém judeus, homens religiosos, de todas as nações em baixo do céu: e quando se ouviu este ruído, ajuntou-se ali a multidão e ficou pasmada, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E estavam atônitos e maravilharam-se, perguntando: Não são galileus todos esses que estão falando? E como os ouvimos falar, cada um na língua do nosso nascimento, partos, medas e elamitas, e os que habitam a Mesopotâmia, Judéia e Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia, a Pamfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, sendo uns judeus e outros prosélitos, cretenses e árabes; como é que o ouvimos falar em nossas línguas as grandezas de Deus?

E ficaram todos atônitos e perplexos e perguntavam uns aos outros: Que quer dizer isto? Outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. - Atos, II, 1 - 13."

Um Livro de Mediunidade

O Evangelho é um livro de mediunidade por excelência.

Para comprovação, basta recordar-lhe alguns tópicos.

Surge o Mestre em plano de exaltação medianímica.

O Espírito de Gabriel entra em contato com Zacarias, vaticinando o nascimento de João Batista. Em seguida, procura Maria de Nazaré, anunciando-lhe a vinda de Jesus.

Um amigo espiritual conversa com José da Galileia, em torno do mesmo assunto.
Espíritos purificados materializam-se, à frente dos tratadores de animais, exaltando o Cristo.

Um espírito santificado move Simeão a reconhecer o Divino Orientador recém-nato.

Mais tarde, no ministério público, vê-se Jesus cercado de médiuns e fenômenos mediúnicos.
Transforma-se a água em vinho nas bodas de Caná.

Multiplicam-se pães e peixes para a turba faminta.

Ele, o Mestre, restaura o equilíbrio de vários médiuns obsediados, inclusive de enfermos diversos, atuados por espíritos sofredores, que os segregavam em moléstias-fantasmas.
Corporificam-se espíritos veneráveis no cimo do Tabor.

Simão Pedro assinala em si próprio a influência simultânea de espíritos felizes e infelizes.
Nas meditações do jardim, que lhe precederam a crucificação, o Senhor é sustentado por um espírito angélico.

Depois da morte do Grande Renovador, desbordam acontecimentos mediúnicos de todas as condições.

Maria de Magdala surpreende-lhe o Espírito, nas vizinhanças do túmulo vazio.
Dois companheiros encontram-no a caminho de Emaús.

Os discípulos conseguem vê-lo e ouvi-lo, a portas trancadas, em sucessivas reuniões de Jerusalém.

Após algum tempo, sete deles logram-lhe a presença, junto às águas do Tiberíades.
Legiões de instrutores desencarnados improvisam efeitos físicos, no dia de Pentecostes, entre os semeadores do Evangelho, impelindo-os a falar em línguas diferentes.
Um benfeitor espiritual liberta os cultivadores da Boa Nova, retidos indebitamente numa cadeia pública.

Realizações da mediunidade socorrista fazem-se intensas.

O Espírito de Jesus aparece a Saulo de Tarso, que cai de rojo, traumatizado de assombro, e, para ajudá-lo, visita Ananias, em Damasco, a solicitar-lhe cooperação.
Outros médiuns chegam à cena.

Agabo transmite instruções da esfera espiritual.

Elimas é medianeiro a desgarrar-se da missão que lhe cabe.

A jovem adivinhadora de Filipos é médium que as sombras envolvem na exploração mercenária.
Da luz da Manjedoura às visões do apocalipse, todo o Novo Testamento é um livro de Mediunidade, emoldurando a grandeza do Cristo. (Emmanuel)

(Mediunidade dos Santos - Clovis Tavares - Prefácio)

A Proibição de Moisés

Nos tempos bíblicos, quando o povo hebreu vivia em cativeiro, no Egito, o intercâmbio mediúnico estava sendo utilizado para adivinhações, interesses egoístas, materiais e mesquinhos, misturando-se com práticas mágicas e, até, sacrifícios humanos.

Por isso Moisés, o grande médium e legislador hebreu, ao retirar o povo do cativeiro, proibiu a prática mediúnica de modo geral.

Quando entrares no país que Javé, teu Deus, te der (...)

Não se achará, entre ti, quem faça passar pelo fogo o seu filho ou filha, quem se entregue à adivinhação, aos augúrios, às feitiçarias e à magia. Quem recorra aos encantamentos, interrogue aos espíritos, ainda que familiares, e quem invoque os mortos.
Porque todo homem que pratica estas coisas é abominável para Javé e é por causa destas abominações que Javé, teu Deus, vai expulsar estas nações da tua presença." (Deuteronômio, Cap. 18, vs. 9/13)

Se Moisés proibiu, é que era possível fazer o intercâmbio, pois o impossível não é preciso proibir.

Mas a proibição de Moisés não era uma condenação da mediunidade em si mesma. Visava, apenas, reprimir os abusos. Particularmente, porém, Moisés continuou usando sua mediunidade (pela qual recebia as instruções do Além). E desejava que todo o povo viesse a fazer o intercâmbio, também, mas de modo correto e superiormente inspirado. É o que se vê nesta passagem:

Moisés pedira ajuda a Deus para atender ao povo muito numeroso e recebera a promessa de que o senhor iria "derramar o seu espírito" sobre 70 anciãos do povo.
Na hora aprazada, isso ocorreu, na tenda em que era feita a concentração e oração por Moisés.

Mas 2 dos anciãos, Eldad e Medad, haviam ficado no campo e ali mesmo começaram a profetizar (a falarem mediunizados).

Foram contar a Moisés. E Josué queria que Moisés mandasse impedir aquela manifestação, pois era proibido.

Moisés, porém, retrucou:

Por que hás de ser tão ciumento a meu respeito? Prouvera a Deus que todo o povo fosse feito de profetas, e que o Senhor lhes desse o seu espírito!" (Números, Cap. 11, vs 26/29)

(Estudos Sobre Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo – Campinas/SP)

A Liberação por Jesus

Quando, 1300 anos depois, Jesus veio a Terra, a humanidade já havia evoluído um pouco mais e poderia voltar a utilizar a mediunidade, que Moisés proibira.
Jesus, então:

1. Afirmou a influência dos espíritos bons e maus sobre as pessoas, como ao declarar Pedro que Jesus era o Cristo (Mt., cap. 16, v. 17) e no caso do espírito impuro expulso (Mt. 12 v. 43 e L. 11 v. 24).

2. Exemplificou o intercâmbio com o Além, como ao conversar com Moisés e Elias materializados (Mt. 17 vs 1/18) e com a legião de espíritos que obsediava um homem em Gadara (Mt. 5 vs 1/20).

3. Desenvolveu as faculdades mediúnicas nos seus discípulos ("conferiu-lhes o poder") e ordenou que trabalhassem com elas ("curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios"), sem nada cobrar ("Recebestes de graça, de graça dai") (Mt. 10).

Vide ainda: Mt. 17 v. 21, em que Jesus ensina os discípulos que é necessário "jejum e oração" para ter autoridade moral ante espíritos mais rebeldes.

4. Anunciou um batismo do espírito que se cumpriu no Dia de Pentecostes, quando os discípulos, mediunizados, falaram até em outros idiomas.

Pedro esclareceu, então, que se estava cumprindo a profecia de Joel: "...nos últimos dias, acontecerá, diz Deus, que do meu espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões, vossos velhos, sonhos".
Era a liberação da mediunidade para todas as pessoas. Pedro ainda explicou que a promessa divina abrange "a todos quantos Deus nosso Senhor chamar". (Atos, cap. 1, vs. 4/5; cap. 2, vs 1/39).

O Uso da Mediunidade no Espiritismo

Alguns séculos depois, não respeitando a liberação da mediunidade, que Jesus fizera, grupos religiosos tentaram proibir de novo o intercâmbio mediúnico, dizendo ser obra do demônio e perseguindo os que o praticavam, sob a acusação de serem bruxos, feiticeiros.

Mas Deus já "derramou o seu espírito sobre toda a carne", a sensibilidade já se desenvolveu na espécie humana e a mediunidade se generalizou, sendo impossível conter a manifestação dos espíritos por toda parte.

Surge, então, o Espiritismo, que utiliza a mediunidade como instrumento valioso de espiritualização da humanidade. Também não concorda que se faça mau uso dela, esclarece que sua finalidade é superior e ensina técnicas para a segurança e proveito espiritual na sua prática, especialmente em "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec.

Sem a força disciplinadora da Doutrina dos Espíritos, sem a orientação cristã do Espiritismo, seriam os fenômenos, sem dúvida, apenas um turbilhão de energias avassalantes, desorientadas, sem rumo nem objetivo definido, sem finalidade educativa.”(Martins Peralva - cap. 26 - Mediunidade e Evolução)”.

(Estudos Sobre Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo – Campinas/SP)

 


A Mediunidade Não é Exclusividade do Espiritismo

Ante a palavra mediunidade, a nossa mente dirige-se, naturalmente, para a Doutrina que Allan Kardec, o insigne Codificador, estruturou no plano físico.
A associação é compreensível, porque, embora as manifestações mediúnicas tenham-se verificado desde os primeiros tempos da evolução planetária, foi o Espiritismo que, na segunda metade do século XIX, não só as classificou, metodicamente, mas igualmente estabeleceu diretrizes para a sua prática.

Sem a força disciplinadora da Doutrina dos Espíritos, sem a orientação cristã do Espiritismo, seriam os fenômenos, sem dúvida, apenas um turbilhão de energias avassalantes, desorientadas, sem rumo nem objetivo definido, sem finalidade educativa."

(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Pág. 93)

Uma das partes mais fascinantes do Espiritismo é, sem dúvida, a mediunidade. É um campo rico de problemas, onde o estudioso encontrará farto material para observações e estudos.

Não nos alongaremos na técnica da mediunidade, a qual poderá ser facilmente estudada em livros especializados. Queremos aqui simplesmente chamar a atenção para os dois pontos seguintes:

1º - A mediunidade não depende do Espiritismo;

2º - Por que o Espiritismo usa a mediunidade.

A mediunidade é um meio de comunicação; ela serve para que duas esferas, ou se quiserem, dois mundos se comuniquem entre si: o mundo ou esfera material habitado por nós e o mundo ou esfera espiritual habitado pelos espíritos.
É um erro supor que o Espiritismo inventou a mediunidade. A mediunidade sempre existiu, uma vez que sempre existiram as duas esferas.

As pessoas que usam a mediunidade chamam-se médiuns. Também os médiuns não são exclusividade do Espiritismo; deles sempre houve e se manifestam não somente no seio do Espiritismo, como também no seio de todas as outras religiões, no de todas as camadas sociais, entre ricos e entre pobres, entre crentes e descrentes, entre letrados e iletrados.

A mediunidade é uma qualidade inerente ao espírito e não há ninguém privado dela. E assim, num sentido geral, todos nós encarnados somos médiuns.
Entretanto, o grau de mediunidade varia de pessoa para pessoa: em algumas é acentuado, em outras menos, chegando a um mínimo imperceptível em grande número. Acontece que poucos sabem usar conscientemente a mediunidade; a esses poucos é que se dá, especificamente, o nome de médiuns.

Médiuns, por conseguinte, são as pessoas que se dedicam com sinceridade e carinho ao intercâmbio entre os dois mundos, transmitindo-nos com mais facilidade as instruções e as explicações provindas dos desencarnados.

Quando as pessoas que se dedicam às Belas Artes em geral, os escritores, os sábios, os religiosos, os benfeitores da humanidade, concretizam na Terra suas obras e seus ideais, recebem a inspiração necessária através da mediunidade de que são portadores. As grandes realizações humanas chegam a Terra, provindas dos planos superiores, pela mediunidade dos que estão aptos a entendê-las e a executá-las.
Sendo o Espiritismo uma religião que veio especialmente para demonstrar-nos a imortalidade da alma e a vida que passaremos a viver depois do fenômeno da morte, encontrou nos médiuns auxiliares preciosos para coadjuvá-lo nessa tarefa.
Como os escafandristas que mergulham nos mares e de lá trazem notícias da vida submarina e mesmo tesouros que o fundo do mar guarda, assim o médium penetra na esfera espiritual e de lá traz informações valiosas acerca de nossa vida futura e lições importantes para vivermos nobremente enquanto formos encarnados.
Médiuns e mediunidade não são privilégios do Espiritismo. O que acontece é que o Espiritismo sabe tirar todo o proveito possível da mediunidade, colocando-a a serviço da libertação da alma humana e descerrando-lhe horizontes espirituais ilimitados.
Resumindo: através da mediunidade estudamos o mundo espiritual; vemos o estado em que lá vivem os desencarnados; conhecemos os resultados das ações que os desencarnados praticam na terra; e como “homem prevenido vale por dois”, aprendemos a pautar nossa vida segundo as leis divinas consubstanciadas no Evangelho de Jesus, para evitarmos as péssimas consequências do desrespeito a essas leis.

Longe de ser combatida ou ironizada, a mediunidade precisa ser carinhosamente estudada, por constituir luminoso caminho de progresso para a humanidade.

(O Espiritismo Aplicado - Eliseu Rigonatti - Pág. 54)

Mediunidade no Catolicismo

Santa Teresa D’Ávila

São incontáveis os casos e exemplos de vidência mediúnica na existência dos Santos da Igreja Romana.

A clarividência na vida de Santa Teresa de Jesus, a grande mística de Ávila, é por ela mesma atestada no magnífico volume de sua autobiografia, precioso conjunto de depoimentos mediúnicos que confirmam a veracidade e a lógica da interpretação espírita dos fenômenos psíquicos, tão abundantes na vida dos grandes santos quanto na missão dos verdadeiros médiuns.

As aparições de Cristo na vida da grande mística de Ávila são inúmeras. No capítulo VII de sua Vida, fala das graves irregularidades morais dos conventos espanhóis: Usa-se tão pouco o caminho da verdadeira religião que o frade ou a freira que começam a seguir deveras os seus chamados, mais devem temer os companheiros de casa do que a todos os demônios... Não sei de que nos espantamos vendo que há tantos males na Igreja; pois aqueles que deveriam ser os exemplos de quem todos tirassem virtudes, só fazem manchar os esforços dos Santos, passados nas lides da religião. E refere-se a determinadas visitas que compareciam aos conventos e que a Santa não cuidava serem moralmente perigosas: “Estando eu com uma pessoa pouco tempo depois de conhecê-la, quis o Senhor dar-me a entender que não me convinham aquelas amizades, avisar-me e dar-me luz em cegueira tão grande. Apareceu-me Cristo com grande rigor, dando-me a entender quanto aquilo Lhe pesava. Vi-O com os olhos da alma, mais claramente do que O poderia ver com os olhos do corpo e ficou aquilo tão bem impresso em mim que agora, passados vinte e seis anos, ainda me parece que O tenho presente...Fez-me muito mal o fato de não saber que era possível ver sem os olhos do corpo; e o demônio, que me ajudou nesse engano, fez-me entender que era coisa impossível; que eu o havia imaginado; que só poderia ser obra diabólica e outras coisas dessa espécie. Contudo, sempre me ficava à idéia de que fora obra de Deus e que não era ilusão.”

No texto, é explícita a declaração da clarividência da Santa. Cristo lhe apareceu e a repreendeu. Interessante é notar a observação seguinte. Diz Santa Teresa que viu Jesus “com os olhos da alma, mais claramente do que o poderia ver com os olhos do corpo”. Estava absolutamente certa a grande Doutora da Igreja. A Doutrina Espírita explica como se processa a sensibilização das antenas psíquicas para o fenômeno da clarividência.
Frei Estefânio Piat refere-se à clarividência de santa Teresa d’Ávila; o próprio céu ratifica esse julgamento quando, depois da morte, Frei Pedro aparece à Reformadora do Carmelo, rodeado pelo brilho fulgurante de sua beatitude e diz-lhe em tom penetrante: “O bendita penitência, que me valeu tamanho peso de glória!”

E noutra passagem:

Durante um almoço, Teresa d’Ávila viu o Mestre Divino aproximar-se e servir o frade menor (Frei Pedro de Alcântara) com as próprias mãos e com um carinho infinito”.
Santa Teresa, conta ainda Piat, “viu Francisco de Assis e Antônio de Pádua ladeando Pedro de Alcântara para lhe servir de ajudantes”, num ofício religioso.
São Pedro de Alcântara foi um dos grandes, senão o maior dos amigos de Santa Teresa d’Ávila. Ernest Hello chega a dizer que “Pedro de Alcântara dividiu em duas partes a vida de Teresa d’Ávila. Antes dele foi de trevas, com ele veio à luz”.”

(Mediunidade dos Santos - Clovis Tavares - Pág. 29)

Santa Brígida

À semelhança das antigas profetisas do Velho e do Novo Testamentos, na mesma tradição que remonta a Miriã, irmã de Moisés, com seus louvores a Deus e suas dificuldades mediúnicas; a Hulda, que profetizou a destruição de Jerusalém; a Débora, com suas intervenções na política de seu povo e de seu tempo e a Ana, filha de Fanuel, que reconheceu em Jesus menino, quando apresentado do Templo, o Cristo prometido e assim o proclamou... Na mesma trajetória espiritual de Francisco de Assis e de Catarina de Siena, Brígida dirige sua palavra inspirada ao povo da Suécia. Fala aos reis e aos príncipes de sua pátria, aos seus chefes religiosos locais e, finalmente, ao próprio Papa de Roma. Foi, por isso, chamada de “correio a serviço de um Grande Senhor”.

Transmite ao povo palavras proféticas, que ouve das elevadas esferas espirituais. Chega a anunciar catástrofes para a sua pátria e suas predições vieram a cumprir-se. No processo de canonização, Petrus Olai, seu confessor e que muitas vezes funcionou como seu secretário, relata que quando Fru Brigitta se estabeleceu em Alvastra (Suécia), no ano de 1346, “aconteceu que Deus lhe concedeu em grande abundância visões e divinas revelações; não enquanto ela dormia, mas em vigília, quando orava. O corpo permanecia como sempre, mas ela era arrebatada em êxtase, fora dos sentidos”. Era Petrus Olai que escrevia os ditados transcendentais, ou noutras palavras, as mensagens mediúnicas e as traduzia para o latim (“...cominciò Petrus Olai a scrivere e a tradurre tutte le visioni e rivelazioni...”).
Inúmeros são os casos, narrados por Joergensen, de aparições de santos a Brígida de Vadstena. Limitar-nos-emos a alguns.

A nossa vidente orava, um dia, na Igreja de S. Maria Maio, em Roma, quando se sentiu arrebatada, em êxtase, e contemplou o Espírito da Santa Mãe de Jesus, que a esclareceu sobre dúvidas íntimas e muito a confortou. Quando Brígida, humilde que era, duvidou, certa vez, de sua própria missão, idêntico auxílio do Alto lhe veio pela palavra de João Batista, o Precursor, palavra que foi continuada, no mesmo momento, pelo auxílio de Maria, que novamente lhe levantou o ânimo, para o cumprimento de sua nobre tarefa espiritual.

O Espírito de João Evangelista já lhe aparecera, certa vez, na Suécia, elucidando-a a respeito de ideias correntes sobre a iminente vinda do Anticristo. Dissera-lhe o Apóstolo, na visão: “Não sabemos nem o tempo nem a hora”. Brígida disso se recordou – das palavras do Espírito de João – quando mais tarde, em Roma, um monge, um “saccus verborum”, lhe queria impingir ideias também sobre impendente aparição do Anticristo no mundo.

Também, numa Igreja que lhe era dedicada em Roma, apareceu a Brígida o Espírito de São Lourenço, o valoroso mártir do século III.

Outra aparição, em Roma, foi a do Espírito de São Francisco de Assis. Numa Igreja a ele dedicada, no Trastevere, no dia 4 de outubro de 1351, Brígida vê e ouve o Espírito do Poverello, que lhe fala com especial carinho. Meses depois, a Santa, em companhia de sua filha Karin (Catarina) e outros peregrinos se dirige a Assis. Joergensen descreve as impressões da vidente sueca ao chegar ao humilde santuário de Francisco. Traduzimos apenas o seguinte trecho: Sobre o altar não havia nenhum quadro, mas estava São Francisco em pessoa. Dos estigmas de suas mãos, de seus pés e do lado, EMANAVAM RAIOS DOURADOS; e esses raios traspassaram o coração de Brígida: Bem-vinda sejas aqui, aonde te convidei. Mas existe uma morada que ainda é mais minha – a obediência...’

(Mediunidade dos Santos - Clovis Tavares - Pág. 37)

Analisaremos em seguida a mediunidade psicográfica na vida de Santa Brígida de Vadstena. Entre suas diversas faculdades mediúnicas, esta foi sem dúvida uma das mais notáveis.

Psicógrafa, no ambiente católico de seu tempo, sua potencialidade mediúnica muito se assemelha à de um médium espírita da atualidade. No seu processo de canonização, ela é chamada de correio a serviço de um Grande Senhor. E o foi realmente, pois recebeu do Mundo Espiritual, várias vezes, ordem explícita de escrever cartas a várias autoridades civis e religiosas, em sua pátria e fora dela. O fenômeno é legitimamente psicográfico. Assim, “com severas expressões”, escreve ao Papa Clemente VI, da parte do próprio Cristo, segundo ela admitia. Nós, espiritistas, preferimos aceitar, sem querer negar a possibilidade excepcional da comunicação direta com o Espírito de Jesus, que muitas vezes, tenha sido um intermediário de alta hierarquia o comunicante, em nome do Mestre Divino. De qualquer modo, o fenômeno da psicografia se repetiu, em inúmeras ocasiões, na vida de Santa Brígida. E na mesma ocasião, foram escritas mensagens dirigidas aos reis da França e da Inglaterra, visando por um fim à Guerra dos Cem Anos. Na verdade, nem o Papa, nem os monarcas atenderam aos apelos do Alto por intermédio da humilde servidora de Deus.

Interessante foi o processo de transmissão do livro mediúnico que Santa Brígida recebeu, o chamado livro das Revelações. Conta seu biógrafo que em língua sueca, Brígida escreveu tudo aquilo que em cerca de uma hora lhe fora revelado e que havia permanecido em sua memória, como se cada palavra tivesse sido insculpida no mármore. O texto sueco é de catorze mil palavras e o latino (a tradução foi feita por Petrus Olai) de cerca de dezesseis mil.

Outro livro que Santa Brígida psicografou, foi o denominado Sermo Angelicus. Estava ela em Roma, por volta de 1350, hospedada num palácio que lhe fora oferecido temporariamente pelo Cardeal Hugo de Beaufort, irmão do Papa Clemente VI, e que na época residia em Avinhão. Foi na capela desse palácio que – como claramente se expressa Joergensen - , “Brígida, sob o ditado de um Anjo, escreveu o Sermo Angelicus”. Páginas adiante o mesmo biógrafo repete a afirmativa: “Brígida escreveu o Sermo Angelicus sob o ditado de um Anjo”.

(Mediunidade dos Santos - Clovis Tavares - Pág. 39)

Santa Margarida Maria Alacoque

Ampla faculdade de clarividência possuiu Santa Margarida Maria Alacoque, a vidente de Paray-le-Monial.

O Padre J. Croiset, em seu Compêndio diz que Margarida Maria desde a infância via os Espíritos de Jesus e de Maria Santíssima, havendo sido por gratidão à Santa Mãe do Senhor, que a curara de uma paralisia, que acrescentou o nome de Maria ao seu nome de batismo, Margarida Alacoque.

Suas visões ela mesma descreve amplamente em sua autobiografia. "Minha Mãe Santíssima me disse amorosamente, para me consolar: 'Não temas coisa alguma; hás de ser minha verdadeira filha, e eu hei de ser sempre tua boa Mãe."

Dom Bosco

Um dos mais notáveis fenômenos mediúnicos da vida de Dom João Bosco é o seu colóquio com o Espírito daquele que foi seu condiscípulo e íntimo amigo, uma nobilíssima alma, Luís Comollo. O fato foi testemunhado pela mãe do Santo, D. Margarida Bosco. O que não se pode saber ao certo - pelo silêncio que em torno do singular fenômeno fez Dom Bosco - é que se o acontecimento se limitou a simples clarividência, tão comum na vida do missionário italiano, ou se o Espírito de Luís Comollo se materializou e pôde, assim, conversar mais intimamente com seu amigo terreno. Esta última hipótese é bem plausível. De qualquer modo, entretanto, o fenômeno é extraordinário e quem o descreve é o ilustre Padre A. Auffray, no seu célebre Saint Jean Bosco, obra premiada pela Academia Francesa.
Seu melhor biógrafo cita este caso, após relatar o fato extraordinário da manifestação do Espírito de Comollo.”

(Mediunidade dos Santos - Clovis Tavares - Pág. 67)

Na biografia da Santa Gemma Galgani se diz: "Gemma levava intensa vida interior. Jesus lhe aparecia, mas nunca aos olhos do corpo". Também testemunha de igual modo Santa Margarida Maria Alacoque, a vidente de Paray-le-Monial, em sua autobiografia: "Via-o e sentia-o junto de mim e ouvia-o muito melhor do que se fosse com os sentidos corporais, pelos quais me poderia distrair para me voltar para outra coisa".”

(Mediunidade dos Santos - Clovis Tavares - Pág. 27)

Existe ainda um pequeno livro chamado O Manuscrito do Purgatório - impressionante e proveitosa revelação de uma Alma no Purgatório - formado por mensagens mediúnicas, de autoria de uma freira que desencarnara num convento da França, psicografado por outra freira no período de 1874 a 1890. O opúsculo tem o imprimatur da Igreja, foi traduzido para o português pelo Monsenhor Ascânio Brandão e publicado pelas Edições Paulinas. Nestas mensagens há relatos de zonas de sofrimento muito semelhantes às descritas por André Luiz em seus diversos livros, psicografados por Francisco Cândido Xavier. Há também afirmativas que sugerem a reencarnação, como a seguinte: "A terra é apenas uma passagem onde só se recebe um corpo que por sua vez há de voltar à terra".

Logo de início diz o manuscrito que aparição "é uma manifestação do outro mundo, de alguém que nos vem dizer o que lá se passa". E é o que ocorreu no caso citado com a freira, que era por todos do convento considerada santa, e também dotada de reto juízo, equilíbrio e de muito bom senso.”

(Mediunidade dos Santos - Clovis Tavares - Pág. 104)

É imenso o rol dos Santos da Igreja, detentores da mediunidade curativa. Aqui está uma lista do Padre Rohrbacher:

S. Abrão, o Ermitão, curava os doentes. O Bem-aventurado André de Gallerani realizou curas maravilhosas. São Cutiberto, Bispo de lindisfarne, na Inglaterra, também realizou extraordinárias curas. Igualmente, São Yuríbio, espanhol, Arcebispo de Lima. O Bem-aventurado Tomasso, no século XIV, realizou curas admiráveis na Úmbria. São Ludigero, Bispo de Münster e contemporâneo de Carlos Magno, curou o cantor cego Bernlef, o Jovem, São Ruperto, primeiro Bispo de Salisburgo; São João do Egito; São Gontrão, rei da Borgonha e neto de Santa Clotilde; Santo Eustácio curou cegos, portadores de várias enfermidades, possessos.
Afirma Frei Francisco de Jesus Maria Sarmento, que Santa Genoveva restituiu a vista à sua Mãe, que repentinamente a havia perdido.”

Entre as faculdades psíquicas de Santo Afonso de Ligório, era notável sua mediunidade curativa. Foram inúmeras - relata seu biógrafo, Pe. Montes - as curas efetuadas pelo missionário napolitano.

Certa vez, no Seminário de Nola, curou um cego: "Havia entre os visitantes um certo Miguel Brancia, que perdera a vista há longos anos, sem que os médicos e remédios lhe valessem. Brancia pediu a Afonso lhe fizesse o sinal da cruz na fronte. Fê-lo o bispo e imediatamente o cego deu um grito, aturdido pela luz. Recobrara a vista".
Profundamente edificante, muito além da notável mediunidade curativa de Santo Afonso, é sabermos que o missionário italiano nunca se envaideceu de seus reais poderes psíquicos. Não apenas os colocou a serviço do bem, em favor dos sofredores do mundo, mas não permitiu jamais que sombras de orgulho espiritual penetrassem seu espírito. Uma vez mais reconhecemos que não é a mediunidade em si que engrandece o missionário da Luz no mundo, mas sim a nobreza espiritual do servidor de Deus a revelar-se em sua vida inteira, inclusive na atividade mediúnica.”

(Mediunidade dos Santos - Clovis Tavares - Pág. 183)

Mediunidade e Enfermidade

Mediunidade e Doença

Mediunidade não é doença nem leva à perturbação, pois é uma faculdade natural.
Se a pessoa se perturba ante as manifestações mediúnicas, é por sua falta de equilíbrio emocional, por sua ignorância do que seja a mediunidade ou porque está sob a ação de espíritos maus.

Porque há quem não saiba se equilibrar no uso da mediunidade e por isso apresenta distúrbios, foi levantada a hipótese de ser a mediunidade um estado patológico, ou seja, de doença do médium.

Para esclarecimento do assunto, Allan Kardec indagou e os espíritos responderam:
Será a faculdade mediúnica indício de um estado patológico qualquer, ou de um estado simplesmente anômalo?”(fora do normal)”.

Anômalo, às vezes, porém, não patológico; há médiuns de saúde robusta; os doentes o são por outras causas.”(de” O Livro dos Médiuns “- 2ª parte, Cap. XVIII).·Atualmente, as pesquisas no campo da Parapsicologia já evidenciaram o que o Espiritismo há mais de cem anos, preconizava”.

Os fenômenos paranormais não são patológicos “, afirma Robert Amadou (Parapsicologia, IV parte, Cap. IV nº 5)”.

Até hoje, nada indicou qualquer elo especial entre funções psicopatológicas e parapsicológicas “, diz J. B. Rhine (Fenômenos e Psiquiatria, Pág. 40, Linhas 18 e 20).”

Mediunidade e Loucura

Poderia a mediunidade produzir a loucura?

Não mais do que qualquer outra coisa, desde que não haja predisposição para isso, em virtude de fraqueza cerebral. A mediunidade não produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo este, o bom senso está a dizer que se deve usar de cautela, sob todos os pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial'. (de "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, Cap. XVIII)

Se o princípio predisponente da loucura existir, fácil é reconhecê-lo pelas condições psíquicas e mentais da pessoa.

Em muitos casos, porém, rotulado como doença mental, segundo os cânones científicos, o que há é simples perturbação espiritual que, tratada convenientemente, cede por completo. Em outros casos, a mediunidade não teve os cuidados necessários e gerou obsessões e possessões de curto, médio e longo curso, que somente uma assistência espiritual adequada e paciente poderá resolver.

(Estudos Sobre Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo – Campinas/SP)

Certas pessoas consideram as ideias espíritas como capazes de perturbar as faculdades mentais, pelo que acham prudente deter-lhes a propagação.

A. K. - Deveis conhecer o provérbio: "Quem quer matar o cão - diz que o cão está danado".

Não é, portanto, estranhável que os inimigos do Espiritismo procurem agarrar-se a todos os pretextos; como este lhes pareceu próprio para despertar temores e suscetibilidades, empregam-no logo, conquanto não resista ao mais ligeiro exame. Ouvi, pois, a respeito dessa loucura, o raciocínio de um louco.

Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura; as ciências, as artes, a religião mesmo, fornecem o seu contingente. A loucura provém de um certo estado patológico do cérebro, instrumento do pensamento; estando o instrumento desorganizado, o pensamento fica alterado.

A loucura é, pois, um efeito consecutivo, cuja causa primária é uma predisposição orgânica, que torna o cérebro mais ou menos acessível a certas impressões; e isto é tão real que encontrareis pessoas que pensam excessivamente e não ficam loucas, ao passo que outras enlouquecem sob o influxo da menor excitação.
Existindo uma predisposição para a loucura, toma esta o caráter de preocupação principal, que então se torna idéia fixa; esta poderá ser a dos Espíritos, num indivíduo que deles se tenha ocupado, como poderá ser a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma ciência, da maternidade, de um sistema político ou social. É provável que o louco religioso se tivesse tornado um louco espírita, se o Espiritismo fosse a sua preocupação dominante."

(O Que é o Espiritismo - Allan Kardec - FEB - Pág. 111)

Não é a faculdade mediúnica que provoca a obsessão “.

Os Espíritos sempre existiram, influenciando salutar ou perniciosamente a humanidade; não foram os médiuns ou os espíritas que os criaram.
A faculdade mediúnica é apenas mais um meio de se manifestarem; na falta dela, o fazem por mil outras maneiras, mais ou menos ocultas.

Através da prática mediúnica, os Espíritos que estavam agindo invisível, ocultamente, são revelados.

Graças ao Espiritismo e à prática mediúnica que ele apresenta, os encarnados ficam esclarecidos sobre a existência dos Espíritos e seu modo de agir, podendo se acautelarem e reagirem à sua influência.

De fato, a obsessão surge mesmo em pessoas que nunca conheceram nem praticaram o Espiritismo (já nos tempos bíblicos se apontavam obsediados).
Hoje em dia, observa-se que as forças trevosas e sombrias, aproveitando a Invigilância e a ignorância dos encarnados, desfecham verdadeiros assaltos sobre muita gente.

Mais do que nunca, os grupos espíritas são solicitados para tentar intervir nos casos de obsessão, no sentido de recuperar o equilíbrio e a saúde das pessoas.

Mas a obsessão "é um dos maiores escolhos da mediunidade e também um dos mais frequentes".

Por isso não serão demais todos os esforços que se empreguem em combatê-la porquanto além dos inconvenientes que acarreta, é obstáculo absoluto à bondade e à veracidade das comunicações. A obsessão, de qualquer grau, sendo sempre efeito de algum constrangimento, e este não podendo jamais ser exercido por um bom Espírito, segue-se que toda comunicação dada por um médium obsediado é de origem suspeita e nenhuma confiança merece. Se nelas alguma coisa de bom se encontrar, guarde-se isto e rejeite-se tudo o que for simplesmente duvidoso".

 (Item 242/244 – Cap. XXIII – O Livro dos Espíritos)

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