O Que é Mediunidade
Chama-se mediunidade o conjunto de faculdades que permitem ao ser
humano comunicar-se com o mundo invisível.
(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pág. 155)
Espíritos e Médiuns –
Leon Denis Cap. III
Qual a verdadeira
definição da mediunidade?
A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e
prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso da
Terra.
A missão mediúnica se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma
das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos
seus filhos misérrimos.
Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do
Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da
criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e
da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na
sua trajetória pela face do mundo.
(O Consolador - Emmanuel - Pergunta 382)
Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da Natureza
material, outorgou Deus ao homem a vista corpórea, os sentidos e instrumentos
especiais. Com o telescópio, ele mergulha o olhar nas profundezas do espaço, e,
com o microscópio, descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar
no mundo invisível, deu-lhe a mediunidade."
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XXVIII,
nº 9)
Mediunidade, pois, é meio de comunicação entre o mundo espiritual e o mundo
físico.
Convivência e intercâmbio.
Desenvolvimento e aplicação das potencialidades divinas. "Vós
sois Deuses, disse Jesus".
(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 2)
Mediunidade, em termos gerais, é oportunidade para que o Espírito se reabilite
de enganos do pretérito.
Poucos médiuns - muito pouco mesmo - são missionários.
A maioria, constituída de almas que faliram, estão tentando subir
o monte da redenção, pelo trabalho mediúnico, sustentada na oração."
(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Pág. 92)
"Mediunidade, em boa sinonímia, é, sobretudo, sintonia, afinidade."
(Emmanuel)
Todos Nós Somos
Médiuns?
A mediunidade não é exclusiva dos chamados "médiuns".
Todas as criaturas a possuem, porquanto significa percepções espirituais, que
deve ser incentivada em nós mesmos. Não bastará, entretanto, perceber. É
imprescindível santificar essa faculdade, convertendo-a no ministério ativo do
bem. A maioria dos candidatos ao desenvolvimento dessa natureza, contudo, não
se dispõe aos serviços preliminares de limpeza do vaso receptivo. Dividem,
inexoravelmente, a matéria e o espírito, localizando-os em campos opostos,
quando nós, estudantes da verdade, ainda não conseguimos identificar
rigorosamente as fronteiras entre uma e outro, integrados na certeza de que
toda a organização universal se baseia em vibrações puras."
(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pág. 149)
É justo considerarmos todos os homens como médiuns?
Todos os homens têm o seu grau de mediunidade, nas mais variadas
posições evolutivas, e esse atributo do espírito representa, ainda, a alvorada
de novas percepções para o homem do futuro, quando, pelo avanço da mentalidade
do mundo, as criaturas humanas verão alargar-se a janela acanhada dos seus
cinco sentidos.
(O Consolador - Emmanuel - Pergunta 383)
Médiuns são pessoas aptas a sentir a influência dos Espíritos e a transmitir os
pensamentos destes. Toda pessoa que, num grau qualquer, experimente a
influência dos Espíritos é, por esse simples fato, médium. Essa faculdade é
inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui privilégio exclusivo, donde
se segue que poucos são os que não possuam um rudimento de tal faculdade.
Pode-se, pois, dizer que toda gente, mais ou menos, é médium. Contudo, segundo
o uso, esse qualificativo só se aplica àqueles em quem a faculdade mediúnica se
manifesta por efeitos ostensivos, de certa intensidade.
(Obras Póstumas - Allan Kardec - FEB - Pág. 57)
A maioria dos homens habituou-se a crer que médium só o é aquele que, em mesa
específica de trabalhos mediúnicos, psicografia ou fala, ouve ou vê os
Espíritos, alivia ou cura os enfermos.
O pensamento geral, erroneamente, difundido além-fronteiras do
Espiritismo, é de que médium somente o é aquele que dá passividade aos
desencarnados, oferecendo-lhes a organização medianímica para a transmissão da
palavra falada ou escrita.
Em verdade, porém, médiuns somos todos nós que registramos, consciente ou
inconscientemente, ideias e sugestões dos Espíritos, externando-as, muita vez,
como se fossem nossas."
(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 7)
Sempre se há dito que a mediunidade é um dom de Deus, uma graça, um favor. Por
que, estão, não constitui privilégio dos homens de bem e por que se veem pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela usam mal?
Todas as faculdades são favores pelos quais deve a criatura render
graças a Deus, pois que homens há privados delas. Poderias igualmente perguntar
por que concede Deus vista magnífica a malfeitores, destreza a gatunos, eloquência aos que dela se servem para dizer coisas nocivas. O mesmo se dá com
a mediunidade. Se há pessoas indignas que a possuem, é que disso precisam mais
do que as outras, para se melhorarem. Pensas que Deus recusa meios de salvação
aos culpados? Ao contrário, multiplica-os no caminho que eles percorrem;
põe-nos nas mãos deles. Cabe-lhes aproveitá-los. Judas, o traidor, não fez
milagres e não curou doentes, como apóstolo? Deus permitiu que ele tivesse esse
dom, para mais odiosa tornar aos seus próprios olhos a traição que praticou.
(O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Cap. XX)
Há quem se admire de que, por vezes, a mediunidade seja concedida a pessoas
indignas, capazes de a usarem mal. Parece, dizem, que tão preciosa faculdade
deverá ser atributo exclusivo dos de maior merecimento.
Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica,
de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar. Ora,
nenhuma há de que o homem, por efeito do seu livre-arbítrio, não possa abusar,
e se Deus não houvesse concedido, por exemplo, a palavra senão aos incapazes de
proferirem coisas más, maior seria o número dos mudos do que o dos que falam.
Deus outorgou faculdades ao homem e lhe dá a liberdade de usá-las, mas não
deixa de punir o que delas abusa.
Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com
os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a
dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de
que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da
sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para os fortificar no bem, aos
viciosos para os corrigir. Não são estes últimos os doentes que necessitam de
médico? Por que o privaria Deus, que não quer a morte do pecador, do socorro
que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus
conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de modo mais
vivo, do que se os recebesse indiretamente."
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XXIV)
Quando Surge a Mediunidade?
O surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade,
condição social ou sexo.
Pode surgir na infância, adolescência ou juventude, na idade
madura ou na velhice.
Pode revelar-se no Centro Espírita, em casa, em templos de quaisquer
denominações religiosas, no materialista.
Os sintomas que anunciam a mediunidade variam ao infinito.
Reações emocionais insólitas.
Sensação de enfermidade, só aparente.
Calafrios e mal-estar.
Irritações estranhas.
Algumas vezes, aparece sem qualquer sintoma. Espontânea.
Exuberante.
Um botão de rosa (a figura é de Emmanuel) que desabrocha para, no encanto e no
perfume de uma rosa, embelezar a vida.
Desabrochando, naturalmente, a mediunidade é esse botão, tendo por
jardineiro o Espiritismo, que cuidará de seu crescimento."
(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 3)
Mediunidade é Sintonia
Mediunidade é sintonia e filtragem. Cada Espírito vive entre as
forças com as quais se combina, transmitindo-as segundo as concepções que lhe
caracterizam o modo de ser.
(Pérolas do Além - Chico Xavier - Pág. 153)
As bases de todos os serviços de intercâmbio, entre os
desencarnados e encarnados, repousam na mente, não obstante as possibilidades
de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a efeito por
entidades menos evoluídas ou extremamente consagrado à caridade sacrificial.
De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se processa a
gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito.
Precisamos compreender - repetimos - que os nossos pensamentos são
forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no campo espiritual.
Atraímos companheiros e recursos, de conformidade com a natureza
de nossas idéias, aspirações, invocações e apelos.
Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis,
construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os
quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros.
Nosso êxito ou fracasso depende da persistência ou da fé com que
nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar.
Semelhante lei de reciprocidade impera em todos os acontecimentos
da vida.
Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de pensamentos, com os quais nos
colocamos em sintonia.
Na mediunidade, essas leis se expressam, ativas.
Mentes enfermiças e perturbadas assimilam as correntes
desordenadas do desequilíbrio, enquanto que a boa-vontade e a boa intenção
acumulam os valores do bem. Ninguém está só.
Cada criatura recebe de acordo com aquilo que dá.
Cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando o tipo
de experiência em que situa a própria felicidade.
Estejamos, assim, convictos de que os nossos companheiros na Terra
ou no Além são aqueles que escolhemos com as nossas solicitações interiores,
mesmo porque, segundo o antigo ensinamento evangélico, "teremos nosso
tesouro onde colocarmos o coração"."
(Roteiro - Emmanuel - Pág. 121)
Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles
que vos dirigem.
(O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Perg. 459)
A assertiva dos Espíritos a Allan Kardec demonstra que, na maioria
das vezes, estamos todos nós - encarnados - agindo sob a influência de
entidades espirituais que se afinam com o nosso modo de pensar e de ser, ou em
cujas faixas vibratórias respiramos.
Isto não nos deve causar admiração, pois se analisarmos a questão sob o aspecto
puramente terrestre chegaremos à conclusão de que vivemos em permanente
sintonia com as pessoas que nos rodeiam, familiares ou não, das quais recebemos
influenciações através das ideias que exteriorizam, dos exemplos que nos são
dados, e também que influenciamos com a nossa personalidade e pontos de vista.
Quando acontece de não conseguirmos exercer influência sobre
alguém de nosso convívio e que desejamos aja sob o nosso prisma pessoal, via de
regra tentamos por todos os meios convencê-lo com argumentos persuasivos de
deferente intensidade, a fim de lograrmos o nosso intento.
Natural, portanto, ocorra o mesmo com os habitantes do mundo
espiritual, já que são eles os seres humanos desencarnados, não tendo mudado,
pelo simples fato de deixarem o invólucro carnal, a sua maneira de pensar e as
características da sua personalidade.
Assim, vamos encontrar desde a atuação benéfica de Benfeitores a amigos
espirituais, que buscam encaminhar-nos para o bem, até os familiares que,
vencendo o túmulo, desejam prosseguir gerindo os membros do seu clã familial,
seja com bons ou maus intentos, bem como aqueles outros a quem prejudicamos com
atos de maior ou menor gravidade, nesta ou em anteriores reencarnações, e que
nos procuram, no tempo e no espaço, para cobrar a dívida que contraímos.
Por sua vez, os que estão no plano extrafísico também se acham passíveis das
mesmas influenciações, partidas de mentes que lhes compartilham o modo de
pensar, ou de outras que se situam em planos superiores, e, no caso de serem
ainda de evolução mediana ou inferior, de desafetos, de seres que se buscam
intensamente pelo pensamento, num conúbio de vibrações e sentimentos
incessantes. Essa permuta é contínua e cabe a cada indivíduo escolher, optar
pela onda mental com que irá sintonizar.
Portanto, a resposta dos Espíritos a Kardec nos dá uma noção exata
do intercâmbio existente entre os seres humanos, seja ele inconsciente ou não,
mas, de qualquer modo, real e constante."
(Obsessão/Desobsessão -
Suely Caldas Schubert - Cap. 1)
Nosso Espírito residirá onde projetarmos nossos pensamentos,
alicerces vivos do bem e do mal. Por isto mesmo, dizia Paulo, sabiamente: -
Pensai nas coisas que são de cima.
(Palavras de Emmanuel -
Chico Xavier - Pág. 148)
Comunicação Entre o Mundo Material e Espiritual
Os Espíritos vivem, ora na Terra, encarnados, ora no espaço,
desencarnados, mas, os interesses recíprocos, de toda ordem, que os unem, fazem
com que se comuniquem, embora situados em planos diferentes de vibração, por
meio da mediunidade, faculdade orgânica de que são dotadas todas as criaturas,
em maior ou menor grau de desenvolvimento.
Há, assim, um intercâmbio ativo e contínuo de ideias e mesmo de
interesses materiais, que assegura o permanente contato entre os dois mundos,
prova evidente da sobrevivência do Espírito ao perecimento do corpo material,
de que se servia, quando na Terra.
A vida, em verdade, é contínua, e tudo quanto apresente de
grandeza ou miséria retrata, por igual, as duas comunidades, que reagem
constantemente entre si, intimamente ligadas pela origem e ideais.
Coube ao Espiritismo revelar o mecanismo dessas revelações,
estudando as leis que as regem, e mostrar a necessidade de submeter todas as
manifestações à direção e controle de pessoas esclarecidas, estudiosas e
moralizadas.
Na verdade, os encarnados sofrem verdadeiro assédio de seus irmãos
do mundo espiritual, a que continuam ligados por sentimentos de amor, saudade,
ódio, medo, remorso, vingança, alimentados, também, por eles, intensamente.
Nos seus diversos graus de intensidade, a atuação dos Espíritos sobre os
encarnados pode acarretar-lhes, como de fato acontece, perturbações das mais
sérias, agravadas por sua Invigilância e seus pensamentos negativos e pelos
laços que os prendem, de vidas anteriores, aos antigos comparsas, hoje
desencarnados.
Então teremos, como é sabido, as obsessões, as subjugações, as possessões, que
hoje avassalam a maioria das criaturas.
Disciplinando a mediunidade, estudando e controlando os fenômenos,
a que dá causa, o Espiritismo esclarece, em termos técnicos, corretos e
simples, o mecanismo da comunicação entre encarnados e desencarnados,
oferecendo aos homens os meios seguros de convivência com os que já partiram,
mostrando-lhes como tornar proveitoso e útil esse intercâmbio.
A Doutrina Espírita nos demonstra que, segundo a lei divina do
Amor, devemos ser humildes e aceitar com resignação as provas, que nos são
impostas, como consequência de nossas más ações em vidas pregressas, quando,
então, ofendemos irmãos que confiaram em nós e que agora procuram, em sua
ignorância espiritual, cobrar aquilo a que se julgam com direito, embora
ninguém possa fazer justiça pelas próprias mãos. Devemos ter fé e trabalhar,
com dedicação, pelo esclarecimento desses irmãos, orando muito por eles e
realizar a nossa própria reforma íntima, indispensável respaldo do nosso desejo
de progresso espiritual, de nossa paz interior.
O intercâmbio com os irmãos da espiritualidade também nos proporciona
ensinamentos preciosos, pelas mensagens recebidas de entidades categorizadas e
que constituem advertências, conselhos, roteiros seguros para nossas vidas,
sujeitos que estamos a difíceis provas, individuais e coletivas.
Não nos deixemos, porém, enganar, porque entre o mediunismo sem
doutrina e a prática consciente e disciplinada da mediunidade, como comprova o
Espiritismo, a diferença é muito grande, e depende de nós a escolha do meio
mais adequado de mantermos o intercâmbio com os irmãos da espiritualidade, aos
quais devemos levar a contribuição do nosso saber e sincero desejo de ajuda e
esclarecimento quando necessitados, recebendo, outrossim, dos que estejam em
condições de assim proceder, o ensino precioso de suas mensagens de
consolação."
(O Espiritismo Básico -
Pedro Franco Barbosa - FEB - Pág. 143)
A Mediunidade é de Todos os Tempos
Antiquíssimos, porém, são os fenômenos mediúnicos. Eles se deram
em todos os tempos e em todos os povos - conforme a História comprova - ,
porque a mediunidade é uma faculdade inerente ao ser humano, sendo lei natural
à comunicação entre os espíritos encarnados e desencarnados.
O intercâmbio mediúnico sempre esteve ligado ao serviço religioso
e, a princípio, era feito apenas por iniciados, isto é, por homens ou mulheres
preparados especialmente para essa atividade, através de um treinamento que, às
vezes, levava dezenas de anos (pítons e pitonisas, arúspices, oráculos,
adivinhos, profetas, sibilas etc.).
Desconhecendo as leis que regem os fenômenos mediúnicos, o povo os considerava
maravilhosos, sobrenaturais. E quem podia produzir esses fenômenos e fazer o
intercâmbio mediúnico era considerado um ser privilegiado, investido de poderes
divinos.
Desse conceito se aproveitavam os sacerdotes na Índia, na Pérsia, no Egito ou
em Roma, que exerciam, então, influência sobre o povo e até mesmo sobre os
governantes. E, para assegurar esse poder sobre as massas, usavam não só suas
faculdades mediúnicas, mas, também, as práticas mágicas e a
prestidigitação."
(Estudos Sobre
Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo – Campinas/SP)
Em todos os tempos houve médiuns naturais e inconscientes que,
pelo simples fato de produzirem fenômenos insólitos e incompreendidos, foram
qualificados de feiticeiros e acusados de pactuarem com o diabo; foi o mesmo
que se deu com a maioria dos sábios que dispunham de conhecimentos acima do
vulgar. A ignorância exagerou seu poder e, muitas vezes, eles mesmos abusaram
da credulidade pública, explorando-a.
(O Que é o Espiritismo -
Allan Kardec - Pág. 104)
A crença na aparição e manifestação dos "mortos" remonta
a eras que se perdem na noite dos tempos.
Desde que o mundo existe, os Espíritos nunca deixaram de patentear
aos homens a sua imortalidade.
Se remontarmos à época dos oráculos, tão venerados pela filosofia
pagã, veremos o papel saliente dos profetas (médiuns) e das manifestações dos
"mortos", como que exaltando o sentimento e a razão humana, para lhe
descortinar as manifestações da Vida Eterna.
Era tão grande a influência da profecia sobre os povos, que estes
mandavam construir os templos sobre fendas do solo, donde diziam sair exalações
que davam o poder da inspiração profética.
Além do Templo de Delfos, o mais célebre de todos, pelas
portentosas manifestações que procediam dos seus médiuns, destaca-se o de
Júpiter Amon, na Líbia; o de Marte, na Trácia; o de Vulcano, em Heliópolis; o
de Esculápio, o de Ísis e muitos outros de importância religiosa nos antigos
tempos.
Os médiuns tinham, na Antiguidade, os nomes de profeta, sibila,
pítia, e se purificavam pelos sacrifícios, obedientes a um regime especial.
Vivendo nesses templos, onde se conservavam isolados das gentes, bebiam água
inspirada e antes de subirem à tripeça mascavam folhas de louro colhidas perto
da nascente de Castália.
Inúmeros eram os videntes espalhados por toda à parte, e era crença, naqueles
tempos, que bastava ao indivíduo dormir num templo para adquirir esse dom.
O povo da China, cuja cronologia remonta há mais de 30.000 anos, entregava-se à
evocação dos Espíritos dos avoengos.
Na Pérsia os fenômenos espíritas fizeram prosélitos. Em Acaia
chegava-se a ver os Espíritos com o auxílio de um espelho que havia num poço no
Templo de Ceres.
Os historiadores dizem que no Egito Antigo os sacerdotes possuíam poderes
sobrenaturais: “faziam prodígios, invocavam os mortos”.
A História está repleta de fatos, que outra coisa não são que
aparições e comunicações espíritas vivificando o sentimento religioso."
(Médiuns e Mediunidades -
Cairbar Schutel - Pág. 28)
Os Fenômenos Mediúnicos no Velho Testamento
O Velho Testamento é um repositório de fenômenos
interessantíssimos, que lembram os costumes israelitas, sua história, sua vida
protegida sempre pelos Espíritos dos "mortos".
Moisés, o grande médium, libertador dos judeus escravizados à
tirania do Egito, vidente, audiente e escrevente vê Jeová na sarça do Horeb e
no Sinai, onde escreve as Tábuas da Lei, escuta vozes no propiciatório da Arca
da Aliança e produz maravilhas que a nenhum homem ainda foi dado fazer.
Todas as grandes personalidade da Antiga Dispensação se
distinguiram pelas suas faculdades mediúnicas.
José, sub-rei do Egito, comunicava-se com Espíritos, que lhe
apareciam "num copo d'água", (copo mágico). Esdras, com o auxílio do
Espírito reconstitui a Bíblia que se havia perdido; Samuel, Jeremias,
Malaquias, Jó, Isaías, Ezequiel, Daniel, Oséias, Amós, Jonas, Miquéias,
Sofonias, Naum, todos mantinham relações com os "mortos".
O Rei Saul invoca o Espírito de Samuel pela pitonisa do Endor.
Joel, tomado por um Espírito, anuncia a multiplicação dos dons mediúnicos e as
manifestações dos Espíritos, com as seguintes palavras: "E há de ser que
depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas
filhas profetizarão; vossos velhos sonharão; vossos mancebos terão visões. E
também sobre os meus servos e minhas servas naqueles dias derramarei o meu
Espírito."
(Médiuns e Mediunidades -
Cairbar Schutel)
No Velho Testamento vemos os profetas, videntes e audientes
inspirados, que transmitem ao povo à vontade dos Guias e, de todas as formas de
mediunidade parece mesmo que a mais generalizada era a de vidência.
Samuel, no Livro I, cap. 9, v. 9, assim o demonstra, quando diz: "Dantes,
quando se ia consultar a Deus, dizia-se vamos ao vidente; porque os que hoje se
chamam profetas chamavam-se videntes".
É já de rigor citativo a consulta feita por Saul ao Espírito de
Samuel, na gruta do Endor.
As pragas que, segundo se narra, por intermédio de Moisés foram
lançadas sobre o Egito; as maravilhas ocorridas com o povo hebreu no deserto,
quando conduzido por esse grande Enviado, a saber: a labareda de fogo que
marchava à frente dos retirantes, o maná que os alimentava; as fontes que
jorravam das rochas; o recebimento do Decálogo, etc., tudo são afirmações do
extraordinário poder mediúnico do grande fundador da nação judaica.
Que maior exemplo de fenômeno de incorporação que o revelado por
Jeremias - o profeta da paz - quando, tomado pelo Espírito, pregava pelas ruas
contra a guerra aos exércitos de Nabucodonosor! E que outro maior, de vidência
no tempo, que o demonstrado por João escrevendo o Apocalipse!"
(Mediunidade - Edgard
Armond - Pág. 22)
Era costume consultar os videntes sobre todos os fatos da vida
íntima, sobre os objetos perdidos, as alianças, os empreendimentos de toda
ordem. Lê-se em Samuel I, cap. IX, v. 9:
Dantes, quando se ia consultar a Deus, dizia-se: Vinde, vamos ao
vidente. - Porque os que hoje se chamam profetas, chamavam-se videntes."
A Bíblia (IV Reis, VI, 6), nos refere que Eliseu faz vir à
superfície, lançando um pedaço de madeira à água, o ferro de um machado que
nela havia caído.
Da levitação, esse mesmo Eliseu transportado "para o meio dos cativos que
viviam junto do rio Chobar" (Ez., III, 14, 15), e Filipe que subitamente
desaparece aos olhos do eunuco e se encontra novamente em Azot (Atos, VIII,
39,40), são exemplos notáveis. A propósito de escrita mediúnica, pode citar-se
a das tábuas da lei (Êxodo, XXXII, 15, 16, XXXIV, 28). Todas as circunstâncias
em que essas tábuas foram obtidas provam exuberantemente a intervenção do mundo
invisível.
Não menos comprovativa é a inscrição traçada, por uma mão
materializada, em uma das paredes do palácio durante um festim que dava o rei
Baltasar. (Daniel, cap. V).
Poder-se-ia considerar como fenômenos de transporte o maná de que se alimentam
os israelitas em sua jornada para Canaã, o pão e vaso d'água, colocados ao pé
de Elias, quando despertou, por ocasião de sua fuga pelo deserto (I Reis, XIX,
5 e 6) etc."
(Cristianismo e
Espiritismo - Leon Denis - Pág. 285)
Os Fenômenos Mediúnicos no Novo Testamento
No Novo Testamento, desde antes do Nascimento, então as provas são
ainda mais concludentes e notáveis, máxime as de mediunidade curadora, o dom
das línguas, as levitações e os fenômenos luminosos.
Maria de Nazaré não viu o Espírito anunciador? Jesus não foi
gerado com intervenção do Espírito Santo? E os milagres seus e dos apóstolos?
Voltando a citar Leon Denis, é dele esta pergunta: os apóstolos do Cristo foram
escolhidos por serem sábios ou notáveis ou porque possuíam qualidades
mediúnicas?
Esses apóstolos, como sabemos, e seus discípulos, durante o tempo de seus
trabalhos, atuaram como verdadeiros médiuns, bastando citar S. Paulo e S. João,
um o mais dinâmico e culto, outro o mais místico.
Que foi o Pentecostes senão a outorga de faculdades mediúnicas aos
apóstolos e discípulos?
E, justamente por exercerem francamente a mediunidade, é que sabiam de seus
perigos, dos cuidados que sua prática exigia, e sobre isso chamavam a atenção
de seus discípulos.
São Paulo dizia: "Os espíritos dos profetas estão sujeitos
aos profetas" e São João ajuntava: "Caríssimos, não creiais em todos
os espíritos, mas provai que os espíritos são de Deus". Advertiam, assim,
contra a ação dos espíritos obsessores e mistificadores.
Era tão comum a mediunidade entre os primitivos cristãos, que instruções
escritas eram enviadas às comunidades das diferentes cidades, para regular a
sua prática; e essas instruções foram sendo, com o correr do tempo, enfeixadas
em livros para melhor conservação."
(Mediunidade - Edgard
Armond - Pág. 23)
O Apóstolo Paulo, na 1ª Epístola aos Coríntios, cap. XII lembra a
diversidade de dons, e, portanto, a diversidade de operações; lembra, consequentemente, a diversidade de médiuns, e acrescenta: "A manifestação
do espírito é dada a cada um para o que for útil".
No final do capítulo recomenda a todos procurarem os melhores
dons, vale dizer, mediunidades, e aponta o caminho mais excelente para que
sejam bons os resultados experimentais. É assim que, depois de um eloquente discurso sobre a caridade, faz realçar esta virtude em sua forma
espiritualizada, ou seja, caracterizada por benevolência, tolerância,
humildade, paciência, perseverança, desinteresse, condições estas de que devem
revestir os médiuns.
O apóstolo citado diz em sua Carta Doutrinária: "Uns têm a
palavra da sabedoria, outros da fé, outros promovem a operação de maravilhas,
outros têm os dons de curar, outros a variedade de línguas, outros a
interpretação das línguas, outros o DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS. (I Cor.,
XII, 4 a 9).
A todas essas mediunidades e a todos esses médiuns devemos
acrescentar que - uma mesma mediunidade pode ser mais acentuada, mais vigorosa
em uns do que em outros; a força psíquica não é sempre a mesma para todos os
médiuns, que a possuem em graus diferentes."
(Médiuns e Mediunidades -
Cairbar Schutel - Pág. 23)
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no
mesmo lugar; e de repente veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, que
encheu toda a casa onde estavam sentados; e lhes apareceram umas como línguas
de fogo, as quais se distribuíram, para repousar sobre cada um deles; e todos
ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas,
conforme o Espírito lhes concedia que falassem.
E habitavam em Jerusalém judeus, homens religiosos, de todas as
nações em baixo do céu: e quando se ouviu este ruído, ajuntou-se ali a multidão
e ficou pasmada, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E estavam
atônitos e maravilharam-se, perguntando: Não são galileus todos esses que estão
falando? E como os ouvimos falar, cada um na língua do nosso nascimento,
partos, medas e elamitas, e os que habitam a Mesopotâmia, Judéia e Capadócia, o
Ponto e a Ásia, a Frígia, a Pamfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a
Cirene, e forasteiros romanos, sendo uns judeus e outros prosélitos, cretenses
e árabes; como é que o ouvimos falar em nossas línguas as grandezas de Deus?
E ficaram todos atônitos e perplexos e perguntavam uns aos outros:
Que quer dizer isto? Outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. - Atos,
II, 1 - 13."
Um Livro de Mediunidade
O Evangelho é um livro de mediunidade por excelência.
Para comprovação, basta recordar-lhe alguns tópicos.
Surge o Mestre em plano de exaltação medianímica.
O Espírito de Gabriel entra em contato com Zacarias, vaticinando o
nascimento de João Batista. Em seguida, procura Maria de Nazaré, anunciando-lhe
a vinda de Jesus.
Um amigo espiritual conversa com José da Galileia, em torno do
mesmo assunto.
Espíritos purificados materializam-se, à frente dos tratadores de animais,
exaltando o Cristo.
Um espírito santificado move Simeão a reconhecer o Divino
Orientador recém-nato.
Mais tarde, no ministério público, vê-se Jesus cercado de médiuns
e fenômenos mediúnicos.
Transforma-se a água em vinho nas bodas de Caná.
Multiplicam-se pães e peixes para a turba faminta.
Ele, o Mestre, restaura o equilíbrio de vários médiuns obsediados,
inclusive de enfermos diversos, atuados por espíritos sofredores, que os
segregavam em moléstias-fantasmas.
Corporificam-se espíritos veneráveis no cimo do Tabor.
Simão Pedro assinala em si próprio a influência simultânea de
espíritos felizes e infelizes.
Nas meditações do jardim, que lhe precederam a crucificação, o Senhor é
sustentado por um espírito angélico.
Depois da morte do Grande Renovador, desbordam acontecimentos
mediúnicos de todas as condições.
Maria de Magdala surpreende-lhe o Espírito, nas vizinhanças do
túmulo vazio.
Dois companheiros encontram-no a caminho de Emaús.
Os discípulos conseguem vê-lo e ouvi-lo, a portas trancadas, em
sucessivas reuniões de Jerusalém.
Após algum tempo, sete deles logram-lhe a presença, junto às águas
do Tiberíades.
Legiões de instrutores desencarnados improvisam efeitos físicos, no dia de
Pentecostes, entre os semeadores do Evangelho, impelindo-os a falar em línguas
diferentes.
Um benfeitor espiritual liberta os cultivadores da Boa Nova, retidos
indebitamente numa cadeia pública.
Realizações da mediunidade socorrista fazem-se intensas.
O Espírito de Jesus aparece a Saulo de Tarso, que cai de rojo, traumatizado
de assombro, e, para ajudá-lo, visita Ananias, em Damasco, a solicitar-lhe
cooperação.
Outros médiuns chegam à cena.
Agabo transmite instruções da esfera espiritual.
Elimas é medianeiro a desgarrar-se da missão que lhe cabe.
A jovem adivinhadora de Filipos é médium que as sombras envolvem
na exploração mercenária.
Da luz da Manjedoura às visões do apocalipse, todo o Novo Testamento é um livro
de Mediunidade, emoldurando a grandeza do Cristo. (Emmanuel)
(Mediunidade dos Santos -
Clovis Tavares - Prefácio)
A Proibição de Moisés
Nos tempos bíblicos, quando o povo hebreu vivia em cativeiro, no
Egito, o intercâmbio mediúnico estava sendo utilizado para adivinhações,
interesses egoístas, materiais e mesquinhos, misturando-se com práticas mágicas
e, até, sacrifícios humanos.
Por isso Moisés, o grande médium e legislador hebreu, ao retirar o
povo do cativeiro, proibiu a prática mediúnica de modo geral.
Quando entrares no país que Javé, teu Deus, te der (...)
Não se achará, entre ti, quem faça passar pelo fogo o seu filho ou
filha, quem se entregue à adivinhação, aos augúrios, às feitiçarias e à magia.
Quem recorra aos encantamentos, interrogue aos espíritos, ainda que familiares,
e quem invoque os mortos.
Porque todo homem que pratica estas coisas é abominável para Javé e é por causa
destas abominações que Javé, teu Deus, vai expulsar estas nações da tua
presença." (Deuteronômio, Cap. 18, vs. 9/13)
Se Moisés proibiu, é que era possível fazer o intercâmbio, pois o
impossível não é preciso proibir.
Mas a proibição de Moisés não era uma condenação da mediunidade em
si mesma. Visava, apenas, reprimir os abusos. Particularmente, porém, Moisés
continuou usando sua mediunidade (pela qual recebia as instruções do Além). E
desejava que todo o povo viesse a fazer o intercâmbio, também, mas de modo
correto e superiormente inspirado. É o que se vê nesta passagem:
Moisés pedira ajuda a Deus para atender ao povo muito numeroso e
recebera a promessa de que o senhor iria "derramar o seu espírito"
sobre 70 anciãos do povo.
Na hora aprazada, isso ocorreu, na tenda em que era feita a concentração e
oração por Moisés.
Mas 2 dos anciãos, Eldad e Medad, haviam ficado no campo e ali
mesmo começaram a profetizar (a falarem mediunizados).
Foram contar a Moisés. E Josué queria que Moisés mandasse impedir
aquela manifestação, pois era proibido.
Moisés, porém, retrucou:
Por que hás de ser tão ciumento a meu respeito? Prouvera a Deus
que todo o povo fosse feito de profetas, e que o Senhor lhes desse o seu
espírito!" (Números, Cap. 11, vs 26/29)
(Estudos Sobre
Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo – Campinas/SP)
A Liberação por Jesus
Quando, 1300 anos depois, Jesus veio a Terra, a humanidade já
havia evoluído um pouco mais e poderia voltar a utilizar a mediunidade, que
Moisés proibira.
Jesus, então:
1. Afirmou a influência dos espíritos bons e maus sobre as
pessoas, como ao declarar Pedro que Jesus era o Cristo (Mt., cap. 16, v. 17) e
no caso do espírito impuro expulso (Mt. 12 v. 43 e L. 11 v. 24).
2. Exemplificou o intercâmbio com o Além, como ao conversar com
Moisés e Elias materializados (Mt. 17 vs 1/18) e com a legião de espíritos que
obsediava um homem em Gadara (Mt. 5 vs 1/20).
3. Desenvolveu as faculdades mediúnicas nos seus discípulos
("conferiu-lhes o poder") e ordenou que trabalhassem com elas
("curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai
os demônios"), sem nada cobrar ("Recebestes de graça, de graça
dai") (Mt. 10).
Vide ainda: Mt. 17 v. 21, em que Jesus ensina os discípulos que é
necessário "jejum e oração" para ter autoridade moral ante espíritos
mais rebeldes.
4. Anunciou um batismo do espírito que se cumpriu no Dia de
Pentecostes, quando os discípulos, mediunizados, falaram até em outros idiomas.
Pedro esclareceu, então, que se estava cumprindo a profecia de
Joel: "...nos últimos dias, acontecerá, diz Deus, que do meu espírito
derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e filhas profetizarão, vossos
mancebos terão visões, vossos velhos, sonhos".
Era a liberação da mediunidade para todas as pessoas. Pedro ainda explicou que
a promessa divina abrange "a todos quantos Deus nosso Senhor chamar".
(Atos, cap. 1, vs. 4/5; cap. 2, vs 1/39).
O Uso da Mediunidade no
Espiritismo
Alguns séculos depois, não respeitando a liberação da mediunidade,
que Jesus fizera, grupos religiosos tentaram proibir de novo o intercâmbio
mediúnico, dizendo ser obra do demônio e perseguindo os que o praticavam, sob a
acusação de serem bruxos, feiticeiros.
Mas Deus já "derramou o seu espírito sobre toda a
carne", a sensibilidade já se desenvolveu na espécie humana e a
mediunidade se generalizou, sendo impossível conter a manifestação dos
espíritos por toda parte.
Surge, então, o Espiritismo, que utiliza a mediunidade como
instrumento valioso de espiritualização da humanidade. Também não concorda que
se faça mau uso dela, esclarece que sua finalidade é superior e ensina técnicas
para a segurança e proveito espiritual na sua prática, especialmente em "O
Livro dos Médiuns", de Allan Kardec.
Sem a força disciplinadora da Doutrina dos Espíritos, sem a
orientação cristã do Espiritismo, seriam os fenômenos, sem dúvida, apenas um
turbilhão de energias avassalantes, desorientadas, sem rumo nem objetivo
definido, sem finalidade educativa.”(Martins Peralva - cap. 26 - Mediunidade e
Evolução)”.
(Estudos Sobre Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo – Campinas/SP)
A Mediunidade Não é Exclusividade do
Espiritismo
Ante a palavra mediunidade, a nossa mente dirige-se, naturalmente,
para a Doutrina que Allan Kardec, o insigne Codificador, estruturou no plano
físico.
A associação é compreensível, porque, embora as manifestações mediúnicas
tenham-se verificado desde os primeiros tempos da evolução planetária, foi o
Espiritismo que, na segunda metade do século XIX, não só as classificou,
metodicamente, mas igualmente estabeleceu diretrizes para a sua prática.
Sem a força disciplinadora da Doutrina dos Espíritos, sem a
orientação cristã do Espiritismo, seriam os fenômenos, sem dúvida, apenas um
turbilhão de energias avassalantes, desorientadas, sem rumo nem objetivo
definido, sem finalidade educativa."
(Mediunidade e Evolução -
Martins Peralva - Pág. 93)
Uma das partes mais fascinantes do Espiritismo é, sem dúvida, a
mediunidade. É um campo rico de problemas, onde o estudioso encontrará farto
material para observações e estudos.
Não nos alongaremos na técnica da mediunidade, a qual poderá ser
facilmente estudada em livros especializados. Queremos aqui simplesmente chamar
a atenção para os dois pontos seguintes:
1º - A mediunidade não depende do Espiritismo;
2º - Por que o Espiritismo usa a mediunidade.
A mediunidade é um meio de comunicação; ela serve para que duas
esferas, ou se quiserem, dois mundos se comuniquem entre si: o mundo ou esfera
material habitado por nós e o mundo ou esfera espiritual habitado pelos
espíritos.
É um erro supor que o Espiritismo inventou a mediunidade. A mediunidade sempre
existiu, uma vez que sempre existiram as duas esferas.
As pessoas que usam a mediunidade chamam-se médiuns. Também os
médiuns não são exclusividade do Espiritismo; deles sempre houve e se
manifestam não somente no seio do Espiritismo, como também no seio de todas as
outras religiões, no de todas as camadas sociais, entre ricos e entre pobres,
entre crentes e descrentes, entre letrados e iletrados.
A mediunidade é uma qualidade inerente ao espírito e não há
ninguém privado dela. E assim, num sentido geral, todos nós encarnados somos
médiuns.
Entretanto, o grau de mediunidade varia de pessoa para pessoa: em algumas é
acentuado, em outras menos, chegando a um mínimo imperceptível em grande
número. Acontece que poucos sabem usar conscientemente a mediunidade; a esses
poucos é que se dá, especificamente, o nome de médiuns.
Médiuns, por conseguinte, são as pessoas que se dedicam com
sinceridade e carinho ao intercâmbio entre os dois mundos, transmitindo-nos com
mais facilidade as instruções e as explicações provindas dos desencarnados.
Quando as pessoas que se dedicam às Belas Artes em geral, os
escritores, os sábios, os religiosos, os benfeitores da humanidade, concretizam
na Terra suas obras e seus ideais, recebem a inspiração necessária através da
mediunidade de que são portadores. As grandes realizações humanas chegam a
Terra, provindas dos planos superiores, pela mediunidade dos que estão aptos a
entendê-las e a executá-las.
Sendo o Espiritismo uma religião que veio especialmente para demonstrar-nos a
imortalidade da alma e a vida que passaremos a viver depois do fenômeno da
morte, encontrou nos médiuns auxiliares preciosos para coadjuvá-lo nessa
tarefa.
Como os escafandristas que mergulham nos mares e de lá trazem notícias da vida
submarina e mesmo tesouros que o fundo do mar guarda, assim o médium penetra na
esfera espiritual e de lá traz informações valiosas acerca de nossa vida futura
e lições importantes para vivermos nobremente enquanto formos encarnados.
Médiuns e mediunidade não são privilégios do Espiritismo. O que acontece é que
o Espiritismo sabe tirar todo o proveito possível da mediunidade, colocando-a a
serviço da libertação da alma humana e descerrando-lhe horizontes espirituais
ilimitados.
Resumindo: através da mediunidade estudamos o mundo espiritual; vemos o estado
em que lá vivem os desencarnados; conhecemos os resultados das ações que os
desencarnados praticam na terra; e como “homem prevenido vale por dois”,
aprendemos a pautar nossa vida segundo as leis divinas consubstanciadas no
Evangelho de Jesus, para evitarmos as péssimas consequências do desrespeito a
essas leis.
Longe de ser combatida ou ironizada, a mediunidade precisa ser
carinhosamente estudada, por constituir luminoso caminho de progresso para a
humanidade.
(O Espiritismo Aplicado -
Eliseu Rigonatti - Pág. 54)
Mediunidade no Catolicismo
Santa Teresa D’Ávila
São incontáveis os casos e exemplos de vidência mediúnica na
existência dos Santos da Igreja Romana.
A clarividência na vida de Santa Teresa de Jesus, a grande mística
de Ávila, é por ela mesma atestada no magnífico volume de sua autobiografia,
precioso conjunto de depoimentos mediúnicos que confirmam a veracidade e a
lógica da interpretação espírita dos fenômenos psíquicos, tão abundantes na
vida dos grandes santos quanto na missão dos verdadeiros médiuns.
As aparições de Cristo na vida da grande mística de Ávila são
inúmeras. No capítulo VII de sua Vida, fala das graves irregularidades morais
dos conventos espanhóis: Usa-se tão pouco o caminho da verdadeira religião que
o frade ou a freira que começam a seguir deveras os seus chamados, mais devem
temer os companheiros de casa do que a todos os demônios... Não sei de que nos
espantamos vendo que há tantos males na Igreja; pois aqueles que deveriam ser
os exemplos de quem todos tirassem virtudes, só fazem manchar os esforços dos
Santos, passados nas lides da religião. E refere-se a determinadas visitas que
compareciam aos conventos e que a Santa não cuidava serem moralmente perigosas:
“Estando eu com uma pessoa pouco tempo depois de conhecê-la, quis o Senhor
dar-me a entender que não me convinham aquelas amizades, avisar-me e dar-me luz
em cegueira tão grande. Apareceu-me Cristo com grande rigor, dando-me a entender
quanto aquilo Lhe pesava. Vi-O com os olhos da alma, mais claramente do que O
poderia ver com os olhos do corpo e ficou aquilo tão bem impresso em mim que
agora, passados vinte e seis anos, ainda me parece que O tenho
presente...Fez-me muito mal o fato de não saber que era possível ver sem os
olhos do corpo; e o demônio, que me ajudou nesse engano, fez-me entender que
era coisa impossível; que eu o havia imaginado; que só poderia ser obra
diabólica e outras coisas dessa espécie. Contudo, sempre me ficava à idéia de
que fora obra de Deus e que não era ilusão.”
No texto, é explícita a declaração da clarividência da Santa.
Cristo lhe apareceu e a repreendeu. Interessante é notar a observação seguinte.
Diz Santa Teresa que viu Jesus “com os olhos da alma, mais claramente do que o
poderia ver com os olhos do corpo”. Estava absolutamente certa a grande Doutora
da Igreja. A Doutrina Espírita explica como se processa a sensibilização das
antenas psíquicas para o fenômeno da clarividência.
Frei Estefânio Piat refere-se à clarividência de santa Teresa d’Ávila; o
próprio céu ratifica esse julgamento quando, depois da morte, Frei Pedro
aparece à Reformadora do Carmelo, rodeado pelo brilho fulgurante de sua
beatitude e diz-lhe em tom penetrante: “O bendita penitência, que me valeu
tamanho peso de glória!”
E noutra passagem:
Durante um almoço, Teresa d’Ávila viu o Mestre Divino aproximar-se
e servir o frade menor (Frei Pedro de Alcântara) com as próprias mãos e com um
carinho infinito”.
Santa Teresa, conta ainda Piat, “viu Francisco de Assis e Antônio de Pádua
ladeando Pedro de Alcântara para lhe servir de ajudantes”, num ofício
religioso.
São Pedro de Alcântara foi um dos grandes, senão o maior dos amigos de Santa
Teresa d’Ávila. Ernest Hello chega a dizer que “Pedro de Alcântara dividiu em
duas partes a vida de Teresa d’Ávila. Antes dele foi de trevas, com ele veio à
luz”.”
(Mediunidade dos Santos -
Clovis Tavares - Pág. 29)
Santa Brígida
À semelhança das antigas profetisas do Velho e do Novo
Testamentos, na mesma tradição que remonta a Miriã, irmã de Moisés, com seus
louvores a Deus e suas dificuldades mediúnicas; a Hulda, que profetizou a
destruição de Jerusalém; a Débora, com suas intervenções na política de seu
povo e de seu tempo e a Ana, filha de Fanuel, que reconheceu em Jesus menino,
quando apresentado do Templo, o Cristo prometido e assim o proclamou... Na
mesma trajetória espiritual de Francisco de Assis e de Catarina de Siena,
Brígida dirige sua palavra inspirada ao povo da Suécia. Fala aos reis e aos
príncipes de sua pátria, aos seus chefes religiosos locais e, finalmente, ao
próprio Papa de Roma. Foi, por isso, chamada de “correio a serviço de um Grande
Senhor”.
Transmite ao povo palavras proféticas, que ouve das elevadas
esferas espirituais. Chega a anunciar catástrofes para a sua pátria e suas
predições vieram a cumprir-se. No processo de canonização, Petrus Olai, seu
confessor e que muitas vezes funcionou como seu secretário, relata que quando
Fru Brigitta se estabeleceu em Alvastra (Suécia), no ano de 1346, “aconteceu
que Deus lhe concedeu em grande abundância visões e divinas revelações; não
enquanto ela dormia, mas em vigília, quando orava. O corpo permanecia como
sempre, mas ela era arrebatada em êxtase, fora dos sentidos”. Era Petrus Olai
que escrevia os ditados transcendentais, ou noutras palavras, as mensagens
mediúnicas e as traduzia para o latim (“...cominciò Petrus Olai a scrivere e a
tradurre tutte le visioni e rivelazioni...”).
Inúmeros são os casos, narrados por Joergensen, de aparições de santos a
Brígida de Vadstena. Limitar-nos-emos a alguns.
A nossa vidente orava, um dia, na Igreja de S. Maria Maio, em
Roma, quando se sentiu arrebatada, em êxtase, e contemplou o Espírito da Santa
Mãe de Jesus, que a esclareceu sobre dúvidas íntimas e muito a confortou.
Quando Brígida, humilde que era, duvidou, certa vez, de sua própria missão,
idêntico auxílio do Alto lhe veio pela palavra de João Batista, o Precursor,
palavra que foi continuada, no mesmo momento, pelo auxílio de Maria, que
novamente lhe levantou o ânimo, para o cumprimento de sua nobre tarefa
espiritual.
O Espírito de João Evangelista já lhe aparecera, certa vez, na
Suécia, elucidando-a a respeito de ideias correntes sobre a iminente vinda do
Anticristo. Dissera-lhe o Apóstolo, na visão: “Não sabemos nem o tempo nem a
hora”. Brígida disso se recordou – das palavras do Espírito de João – quando
mais tarde, em Roma, um monge, um “saccus verborum”, lhe queria impingir ideias também sobre impendente aparição do Anticristo no mundo.
Também, numa Igreja que lhe era dedicada em Roma, apareceu a
Brígida o Espírito de São Lourenço, o valoroso mártir do século III.
Outra aparição, em Roma, foi a do Espírito de São Francisco de
Assis. Numa Igreja a ele dedicada, no Trastevere, no dia 4 de outubro de 1351,
Brígida vê e ouve o Espírito do Poverello, que lhe fala com especial carinho.
Meses depois, a Santa, em companhia de sua filha Karin (Catarina) e outros peregrinos
se dirige a Assis. Joergensen descreve as impressões da vidente sueca ao chegar
ao humilde santuário de Francisco. Traduzimos apenas o seguinte trecho: Sobre o
altar não havia nenhum quadro, mas estava São Francisco em pessoa. Dos estigmas
de suas mãos, de seus pés e do lado, EMANAVAM RAIOS DOURADOS; e esses raios
traspassaram o coração de Brígida: Bem-vinda sejas aqui, aonde te convidei. Mas
existe uma morada que ainda é mais minha – a obediência...’
(Mediunidade dos Santos -
Clovis Tavares - Pág. 37)
Analisaremos em seguida a mediunidade psicográfica na vida de
Santa Brígida de Vadstena. Entre suas diversas faculdades mediúnicas, esta foi
sem dúvida uma das mais notáveis.
Psicógrafa, no ambiente católico de seu tempo, sua potencialidade
mediúnica muito se assemelha à de um médium espírita da atualidade. No seu
processo de canonização, ela é chamada de correio a serviço de um Grande
Senhor. E o foi realmente, pois recebeu do Mundo Espiritual, várias vezes,
ordem explícita de escrever cartas a várias autoridades civis e religiosas, em
sua pátria e fora dela. O fenômeno é legitimamente psicográfico. Assim, “com
severas expressões”, escreve ao Papa Clemente VI, da parte do próprio Cristo,
segundo ela admitia. Nós, espiritistas, preferimos aceitar, sem querer negar a
possibilidade excepcional da comunicação direta com o Espírito de Jesus, que
muitas vezes, tenha sido um intermediário de alta hierarquia o comunicante, em
nome do Mestre Divino. De qualquer modo, o fenômeno da psicografia se repetiu,
em inúmeras ocasiões, na vida de Santa Brígida. E na mesma ocasião, foram
escritas mensagens dirigidas aos reis da França e da Inglaterra, visando por um
fim à Guerra dos Cem Anos. Na verdade, nem o Papa, nem os monarcas atenderam
aos apelos do Alto por intermédio da humilde servidora de Deus.
Interessante foi o processo de transmissão do livro mediúnico que
Santa Brígida recebeu, o chamado livro das Revelações. Conta seu biógrafo que
em língua sueca, Brígida escreveu tudo aquilo que em cerca de uma hora lhe fora
revelado e que havia permanecido em sua memória, como se cada palavra tivesse
sido insculpida no mármore. O texto sueco é de catorze mil palavras e o latino
(a tradução foi feita por Petrus Olai) de cerca de dezesseis mil.
Outro livro que Santa Brígida psicografou, foi o denominado Sermo
Angelicus. Estava ela em Roma, por volta de 1350, hospedada num palácio que lhe
fora oferecido temporariamente pelo Cardeal Hugo de Beaufort, irmão do Papa
Clemente VI, e que na época residia em Avinhão. Foi na capela desse palácio que
– como claramente se expressa Joergensen - , “Brígida, sob o ditado de um Anjo,
escreveu o Sermo Angelicus”. Páginas adiante o mesmo biógrafo repete a
afirmativa: “Brígida escreveu o Sermo Angelicus sob o ditado de um Anjo”.
(Mediunidade dos Santos -
Clovis Tavares - Pág. 39)
Santa Margarida Maria Alacoque
Ampla faculdade de clarividência possuiu Santa Margarida Maria
Alacoque, a vidente de Paray-le-Monial.
O Padre J. Croiset, em seu Compêndio diz que Margarida Maria desde
a infância via os Espíritos de Jesus e de Maria Santíssima, havendo sido por
gratidão à Santa Mãe do Senhor, que a curara de uma paralisia, que acrescentou
o nome de Maria ao seu nome de batismo, Margarida Alacoque.
Suas visões ela mesma descreve amplamente em sua autobiografia.
"Minha Mãe Santíssima me disse amorosamente, para me consolar: 'Não temas
coisa alguma; hás de ser minha verdadeira filha, e eu hei de ser sempre tua boa
Mãe."
Dom Bosco
Um dos mais notáveis fenômenos mediúnicos da vida de Dom João
Bosco é o seu colóquio com o Espírito daquele que foi seu condiscípulo e íntimo
amigo, uma nobilíssima alma, Luís Comollo. O fato foi testemunhado pela mãe do
Santo, D. Margarida Bosco. O que não se pode saber ao certo - pelo silêncio que
em torno do singular fenômeno fez Dom Bosco - é que se o acontecimento se
limitou a simples clarividência, tão comum na vida do missionário italiano, ou
se o Espírito de Luís Comollo se materializou e pôde, assim, conversar mais
intimamente com seu amigo terreno. Esta última hipótese é bem plausível. De
qualquer modo, entretanto, o fenômeno é extraordinário e quem o descreve é o
ilustre Padre A. Auffray, no seu célebre Saint Jean Bosco, obra premiada pela Academia
Francesa.
Seu melhor biógrafo cita este caso, após relatar o fato extraordinário da
manifestação do Espírito de Comollo.”
(Mediunidade dos Santos -
Clovis Tavares - Pág. 67)
Na biografia da Santa Gemma Galgani se diz: "Gemma levava
intensa vida interior. Jesus lhe aparecia, mas nunca aos olhos do corpo".
Também testemunha de igual modo Santa Margarida Maria Alacoque, a vidente de
Paray-le-Monial, em sua autobiografia: "Via-o e sentia-o junto de mim e
ouvia-o muito melhor do que se fosse com os sentidos corporais, pelos quais me
poderia distrair para me voltar para outra coisa".”
(Mediunidade dos Santos -
Clovis Tavares - Pág. 27)
Existe ainda um pequeno livro chamado O Manuscrito do Purgatório -
impressionante e proveitosa revelação de uma Alma no Purgatório - formado por
mensagens mediúnicas, de autoria de uma freira que desencarnara num convento da
França, psicografado por outra freira no período de 1874 a 1890. O opúsculo tem
o imprimatur da Igreja, foi traduzido para o português pelo Monsenhor Ascânio
Brandão e publicado pelas Edições Paulinas. Nestas mensagens há relatos de
zonas de sofrimento muito semelhantes às descritas por André Luiz em seus
diversos livros, psicografados por Francisco Cândido Xavier. Há também
afirmativas que sugerem a reencarnação, como a seguinte: "A terra é apenas
uma passagem onde só se recebe um corpo que por sua vez há de voltar à
terra".
Logo de início diz o manuscrito que aparição "é uma
manifestação do outro mundo, de alguém que nos vem dizer o que lá se
passa". E é o que ocorreu no caso citado com a freira, que era por todos
do convento considerada santa, e também dotada de reto juízo, equilíbrio e de
muito bom senso.”
(Mediunidade dos Santos -
Clovis Tavares - Pág. 104)
É imenso o rol dos Santos da Igreja, detentores da mediunidade
curativa. Aqui está uma lista do Padre Rohrbacher:
S. Abrão, o Ermitão, curava os doentes. O Bem-aventurado André de
Gallerani realizou curas maravilhosas. São Cutiberto, Bispo de lindisfarne, na
Inglaterra, também realizou extraordinárias curas. Igualmente, São Yuríbio,
espanhol, Arcebispo de Lima. O Bem-aventurado Tomasso, no século XIV, realizou
curas admiráveis na Úmbria. São Ludigero, Bispo de Münster e contemporâneo de
Carlos Magno, curou o cantor cego Bernlef, o Jovem, São Ruperto, primeiro Bispo
de Salisburgo; São João do Egito; São Gontrão, rei da Borgonha e neto de Santa
Clotilde; Santo Eustácio curou cegos, portadores de várias enfermidades,
possessos.
Afirma Frei Francisco de Jesus Maria Sarmento, que Santa Genoveva restituiu a
vista à sua Mãe, que repentinamente a havia perdido.”
Entre as faculdades psíquicas de Santo Afonso de Ligório, era
notável sua mediunidade curativa. Foram inúmeras - relata seu biógrafo, Pe.
Montes - as curas efetuadas pelo missionário napolitano.
Certa vez, no Seminário de Nola, curou um cego: "Havia entre
os visitantes um certo Miguel Brancia, que perdera a vista há longos anos, sem
que os médicos e remédios lhe valessem. Brancia pediu a Afonso lhe fizesse o
sinal da cruz na fronte. Fê-lo o bispo e imediatamente o cego deu um grito,
aturdido pela luz. Recobrara a vista".
Profundamente edificante, muito além da notável mediunidade curativa de Santo
Afonso, é sabermos que o missionário italiano nunca se envaideceu de seus reais
poderes psíquicos. Não apenas os colocou a serviço do bem, em favor dos
sofredores do mundo, mas não permitiu jamais que sombras de orgulho espiritual
penetrassem seu espírito. Uma vez mais reconhecemos que não é a mediunidade em
si que engrandece o missionário da Luz no mundo, mas sim a nobreza espiritual
do servidor de Deus a revelar-se em sua vida inteira, inclusive na atividade
mediúnica.”
(Mediunidade dos Santos -
Clovis Tavares - Pág. 183)
Mediunidade e Enfermidade
Mediunidade e Doença
Mediunidade não é doença nem leva à perturbação, pois é uma
faculdade natural.
Se a pessoa se perturba ante as manifestações mediúnicas, é por sua falta de
equilíbrio emocional, por sua ignorância do que seja a mediunidade ou porque
está sob a ação de espíritos maus.
Porque há quem não saiba se equilibrar no uso da mediunidade e por
isso apresenta distúrbios, foi levantada a hipótese de ser a mediunidade um
estado patológico, ou seja, de doença do médium.
Para esclarecimento do assunto, Allan Kardec indagou e os
espíritos responderam:
Será a faculdade mediúnica indício de um estado patológico qualquer, ou de um
estado simplesmente anômalo?”(fora do normal)”.
Anômalo, às vezes, porém, não patológico; há médiuns de saúde
robusta; os doentes o são por outras causas.”(de” O Livro dos Médiuns “- 2ª
parte, Cap. XVIII).·Atualmente, as pesquisas no campo da Parapsicologia já
evidenciaram o que o Espiritismo há mais de cem anos, preconizava”.
Os fenômenos paranormais não são patológicos “, afirma Robert
Amadou (Parapsicologia, IV parte, Cap. IV nº 5)”.
Até hoje, nada indicou qualquer elo especial entre funções
psicopatológicas e parapsicológicas “, diz J. B. Rhine (Fenômenos e
Psiquiatria, Pág. 40, Linhas 18 e 20).”
Mediunidade e Loucura
Poderia a mediunidade produzir a loucura?
Não mais do que qualquer outra coisa, desde que não haja
predisposição para isso, em virtude de fraqueza cerebral. A mediunidade não
produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo
este, o bom senso está a dizer que se deve usar de cautela, sob todos os pontos
de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial'. (de "O Livro dos
Médiuns", 2ª parte, Cap. XVIII)
Se o princípio predisponente da loucura existir, fácil é
reconhecê-lo pelas condições psíquicas e mentais da pessoa.
Em muitos casos, porém, rotulado como doença mental, segundo os
cânones científicos, o que há é simples perturbação espiritual que, tratada
convenientemente, cede por completo. Em outros casos, a mediunidade não teve os
cuidados necessários e gerou obsessões e possessões de curto, médio e longo
curso, que somente uma assistência espiritual adequada e paciente poderá
resolver.
(Estudos Sobre
Mediunidade - CEAK - 1º Fascículo – Campinas/SP)
Certas pessoas consideram as ideias espíritas como capazes de
perturbar as faculdades mentais, pelo que acham prudente deter-lhes a
propagação.
A. K. - Deveis conhecer o provérbio: "Quem quer matar o cão -
diz que o cão está danado".
Não é, portanto, estranhável que os inimigos do Espiritismo
procurem agarrar-se a todos os pretextos; como este lhes pareceu próprio para
despertar temores e suscetibilidades, empregam-no logo, conquanto não resista
ao mais ligeiro exame. Ouvi, pois, a respeito dessa loucura, o raciocínio de um
louco.
Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a
loucura; as ciências, as artes, a religião mesmo, fornecem o seu contingente. A
loucura provém de um certo estado patológico do cérebro, instrumento do
pensamento; estando o instrumento desorganizado, o pensamento fica alterado.
A loucura é, pois, um efeito consecutivo, cuja causa primária é
uma predisposição orgânica, que torna o cérebro mais ou menos acessível a
certas impressões; e isto é tão real que encontrareis pessoas que pensam
excessivamente e não ficam loucas, ao passo que outras enlouquecem sob o
influxo da menor excitação.
Existindo uma predisposição para a loucura, toma esta o caráter de preocupação
principal, que então se torna idéia fixa; esta poderá ser a dos Espíritos, num
indivíduo que deles se tenha ocupado, como poderá ser a de Deus, dos anjos, do
diabo, da fortuna, do poder, de uma ciência, da maternidade, de um sistema
político ou social. É provável que o louco religioso se tivesse tornado um
louco espírita, se o Espiritismo fosse a sua preocupação dominante."
(O Que é o Espiritismo -
Allan Kardec - FEB - Pág. 111)
Não é a faculdade mediúnica que provoca a obsessão “.
Os Espíritos sempre existiram, influenciando salutar ou
perniciosamente a humanidade; não foram os médiuns ou os espíritas que os
criaram.
A faculdade mediúnica é apenas mais um meio de se manifestarem; na falta dela,
o fazem por mil outras maneiras, mais ou menos ocultas.
Através da prática mediúnica, os Espíritos que estavam agindo
invisível, ocultamente, são revelados.
Graças ao Espiritismo e à prática mediúnica que ele apresenta, os
encarnados ficam esclarecidos sobre a existência dos Espíritos e seu modo de
agir, podendo se acautelarem e reagirem à sua influência.
De fato, a obsessão surge mesmo em pessoas que nunca conheceram
nem praticaram o Espiritismo (já nos tempos bíblicos se apontavam obsediados).
Hoje em dia, observa-se que as forças trevosas e sombrias, aproveitando a Invigilância e a ignorância dos encarnados, desfecham verdadeiros assaltos
sobre muita gente.
Mais do que nunca, os grupos espíritas são solicitados para tentar
intervir nos casos de obsessão, no sentido de recuperar o equilíbrio e a saúde
das pessoas.
Mas a obsessão "é um dos maiores escolhos da mediunidade e
também um dos mais frequentes".
Por isso não serão demais todos os esforços que se empreguem em combatê-la porquanto além dos inconvenientes que acarreta, é obstáculo absoluto à bondade e à veracidade das comunicações. A obsessão, de qualquer grau, sendo sempre efeito de algum constrangimento, e este não podendo jamais ser exercido por um bom Espírito, segue-se que toda comunicação dada por um médium obsediado é de origem suspeita e nenhuma confiança merece. Se nelas alguma coisa de bom se encontrar, guarde-se isto e rejeite-se tudo o que for simplesmente duvidoso".
(Item 242/244 – Cap. XXIII – O Livro dos Espíritos)