Por Ricardo BarrosOlá, meus irmãos e irmãs. No texto abaixo, temos o
relato impressionante de um irmão que cometeu suicídio, e que, após muitos anos
de sofrimento, pôde, finalmente, ser resgatado daquele vale de dor, e trazer
para todos nós essas valiosíssimas lições sobre a imortalidade da alma. Esse
irmão é Camilo Castelo Branco, poeta português, que tirou a própria vida por
ter ficado cego. Por desconhecer sobre a continuidade da vida após a morte, e
as sérias consequências que esse ato insano pode oferecer ao espírito de um
suicida, ele tomou essa decisão terrível, que o levou aos sofrimentos que ele
mesmo vem narrar para todos nós.
Por tudo isso, jamais
enveredemos por esse caminho de muita dor e sofrimento, que perdura por longos
e longos anos, achando que tudo se encerra com a morte do corpo físico. A vida
do espírito é infinita. Somos mortais apenas nos corpos físicos que usamos como
instrumento de aperfeiçoamento de nossos espíritos. Já habitamos vários corpos
no passado remoto, estamos habitando mais um, agora, e com certeza habitaremos
outros em um futuro próximo. E assim será até que, em algum momento, estaremos
evoluídos o suficiente para não precisarmos mais deles. Confiram o relato.
CAMILO CASTELO BRANCO
NASCEU EM LISBOA, NO DIA 16 DE MARÇO DE 1825 E DESENCARNOU
EM 1º DE JUNHO DE 1890, AOS 65 ANOS.
FREQUENTOU A SOCIEDADE PORTUENSE, DEDICANDO-SE AO JORNALISMO. É UM DOS
MAIS FECUNDOS ESCRITORES PORTUGUESES DO SÉCULO XIX, HAVENDO PRODUZIDO 137
OBRAS. “CAMILO CASTELO
BRANCO, O EMINENTE ESCRITOR LUSITANO... QUEIXAVA-SE AMARGAMENTE, COMO ESPÍRITO,
DE SE VER, COM FREQUÊNCIA,CORRIDO DE JUNTO DOS MÉDIUNS, COM QUEM GOSTARIA DE SE
COMUNICAR, ENXOTADO DOS CENTROS ESPÍRITAS, SOB A ACUSAÇÃO DE MISTIFICADOR...” EM GERAL AQUELES QUE
SE ARROJAM AO SUICÍDIO, PARA SEMPRE ESPERAM LIVRAR-SE DE DISSABORES JULGADOS
INSUPORTÁVEIS, DE SOFRIMENTOS E PROBLEMAS CONSIDERADOS INSOLÚVEIS PELA TIBIEZ
DA VONTADE DESEDUCADA...” AS PRIMEIRAS HORAS 1.“PASSARAM-SE SEM QUE
VERDADEIRAMENTE EU PUDESSE DAR ACORDO DE MIM”.2.“O SUICIDA,
SEMI-INCONSCIENTE, ADORMENTADO, DESACORDADO SEM QUE, PARA MAIOR SUPLÍCIO, SE
LHE OBSCUREÇA DE TODO A PERCEPÇÃO DOS SENTIDOS, SENTE-SE DOLOROSAMENTE
CONTUNDIDO, NULO...”.3.“ATERRA-SE,
ACOVARDA-SE, SENTE A PROFUNDIDADE APAVORANTE DO ERRO CONTRA O QUAL COLIDIU...”.
4.“DOR AGUDA,
VIOLENTA, ENLOQUECEDORA, ARREMETEU-SE INSTANTANEAMENTE SOBRE O MEU CORPO
INTEIRO...”. “SUPUS-ME PRESO A UM
LEITO DE HOSPITAL OU EM MINHA PRÓPRIA CASA... BRADEI POR MEUS FAMILIARES, POR AMIGOS...
O MAIS SURPREENDENTE SILÊNCIO CONTINUOU ENERVANDO-ME... INDAGUEI MAL HUMORADO
POR ENFERMEIROS, POR MÉDICOS, POR SERVIÇAIS, CRIADOS... EU TINHA FOME E TINHA
SEDE”. “MINHA AUDIÇÃO
DISTINGUIU, PASSADAS ALGUMAS HORAS, UM VOZERIO ENSURDECEDOR... ESTAS VOZES NÃO
FALAVAM ENTRE SI, NÃO CONVERSAVAM. BLASFEMAVAM, QUEIXAVAM-SE DE MULTÍPLAS
DESVENTURAS, LAMENTAVAM-SE, RECLAMAVAM, UIVAVAM, GRITAVAM, ENFURECIDAS, GEMIAM,
ESTERTORAVAM, CHORAVAM DESOLADORAMENTE...” “TATEANDO NAS TREVAS
TENTEI CAMINHAR. MAS DIR-SE-IA QUE RAÍZES VIGOROSAS PLANTAVAM-ME NAQUELE LUGAR
ÚMIDO E GELADO EM QUE ME DEPARAVA. NÃO PODIA DESPEGAR-ME!”“... CHEIRO PENETRANTE
DE SANGUE E VÍSCERAS PUTREFATOS RESCENDEU EM TORNO, REPUGNANDO-ME ATÉ ÀS
NAÚSEAS. PARTIA DO LOCAL EXATO EM QUE EU ESTIVERA DORMINDO... ATRIBUÍ O FATO AO
FERIMENTO QUE FIZERA NA INTENÇÃO DE MATAR-ME... TROPECEI NUM MONTÃO DE
DESTROÇOS... ERA NADA MENOS DO QUE A TERRA DE UMA COVA RECENTEMENTE FECHADA”. “NÃO SEI COMO, ESTANDO
CEGO, PUDE ENTREVER, EM MEIO ÀS SOMBRAS QUE ME RODEAVAM, O QUE EXISTIA EM
TORNO! EU ME ACHAVA NUM CEMITÉRIO!... POR QUE ME ENCONTRARIA ALI? O QUE VIERA
FAZER SOZINHO, FERIDO, DOLORIDO, EXTENUADO? ERA VERDADE QUE “TENTARA” O
SUICÍDIO, MAS...”“OS FATOS
IRREMEDIÁVEIS, PORÉM, IMPOEM-SE AOS HOMENS COMO AOS ESPÍRITOS COM MAJESTOSA
NATURALIDADE. NÃO CONCLUIRA AINDA MINHAS INGENUAS E DRAMÁTICAS INTERROGAÇÕES, E
VEJO-ME, A MIM PRÓPRIO! COMO À FRENTE DE UM ESPELHO, MORTO, ESTIRADO NO ATAÚDE,
EM FRANCO ESTADO DE DECOMPOSIÇÃO, NO FUNDO DE UMA SEPÚLTURA...” “FUGI ESPAVORIDO...
GARGALHADAS ESTRONDOSAS EXPLODIAM ATRÁS DE MIM E O CORO NEFASTO PERSEGUIA MEUS
OUVIDOS TORTURADOS...” NA FUGA PRECIPITADA QUE EMPREENDI, IA ENTRANDO EM TODAS
AS PORTAS QUE ENCONTRAVA ABERTAS... ERA ENXOTADO A PEDRADAS... TORNEI A MINHA CASA.
SURPREENDENTE DESORDEM ESTABELECERA-SE EM MEUS APOSENTOS... PROCUREI AMIGOS,
PARENTES A QUEM ME AFEIÇOARA... DIRIGI-ME A CONSULTÓRIOS MÉDICOS. TENTEI
FIXAR-ME EM HOSPITAIS. “FALTAVA-ME ALGUMA
COISA IRREMEDIÁVEL, SENTIA-ME INCOMPLETO! EU PERDERA ALGO QUE ME DEIXAVA ASSIM,
ENTONTEADO, E ESSA “COISA” QUE EU PERDERA, PARTE DE MIM MESMO, ATRAÍA-ME PARA O
LOCAL EM QUE SE ENCONTRAVA, COM AS IRRESISTÍVEIS FORÇAS DE IMÃ... ESSA “COISA”
ERA O MEU PRÓPRIO CORPO – O MEU CADÁVER!...” “CERCA DE DOIS MESES VAGUEI
DESNORTEADO E TONTO, EM ATRIBULADO ESTADO DE INCOMPREENSÃO. LIGADO AO FARDO
CARNAL QUE APODRECIA, VIVIAM EM MIM TODAS AS NECESSIDADES DO FÍSICO
HUMANO...VIA FANTASMAS PERAMBULANDO PELAS RUAS DO CAMPO SANTO, NÃO OBSTANTE
MINHA CEGUEIRA, CHOROSOS E AFLITOS...” “AO DOBRAR DE UMA
ESQUINA DEPAREI COM CERTA MULTIDÃO, CERCA DE DUZENTAS INDIVIDUALIDADES DE AMBOS
OS SEXOS... ESSA MULTIDÃO ERA A MESMA QUE VINHA CONCERTANDO O CORO
SINISTRO QUE ME ATERRAVA... TENTEI RECUAR, FUGIR, OCULTAR-ME DELA, APAVORADO POR
ME TORNAR DELA CONHECIDO... FUI LEVADO DE ROLDÃO, EMPURRADO, ARRASTADO MAL
GRADO MEU.” “ESTÁVAMOS TODOS
GUARDADOS POR SOLDADOS, OS QUAIS NOS CONDUZIAM. A MULTIDÃO ACABAVA DE SER
APRISIONADA! A CADA MOMENTO JUNTAVA-SE A ELA OUTRO E OUTRO VAGABUNDO, COMO ACONTECERA
COMIGO... PROTESTEI CONTRA A VIOLÊNCIA DE QUE ME RECONHECIA ALVO... TOCADOS
VAGAROSAMENTE, SEM QUE UM ÚNICO MONOSSÍLABO LOGRÁSSEMOS ARRANCAR AOS NOSSOS
CONDUTORES, COMEÇAMOS, FINALMENTE, A CAMINHAR PENOSAMENTE POR UM VALE
PROFUNDO...” “CADA UM DE NÓS, NO
VALE SINISTRO, VIBRANDO VIOLENTAMENTE E RETENDO COM AS FORÇAS MENTAIS O MOMENTO
ATROZ EM QUE NOS SUICIDAMOS, CRIÁVAMOS OS CENÁRIOS E RESPECTIVAS CENAS QUE
VIVÊRAMOS EM NOSSOS DERRADEIROS MOMENTOS DE HOMENS TERRESTRES...” “TRATAVA-SE, CERTAMENTE,
DE UMA ESTRANHA ‘POVOAÇÃO’, UMA ‘CIDADE’ EM QUE AS HABITAÇÕES SERIAM CAVERNAS,
DADA A MISÉRIA DE SEUS HABITANTES, OS QUAIS NÃO POSSUIRIAM CABEDAIS SUFICIENTES
PARA TORNÁ-LAS AGRADÁVEIS...” “...CUJO PANORAMA
DESOLADOR ERA COMPOSTO POR VALES PROFUNDOS, GARGANTAS SINUOSAS E CAVERNAS
SINISTRAS... NESSA PARAGEM AFLITIVA A VISTA TORTURADA DO GRILHETA NÃO
DISTINGUIRIA SEQUER O DOCE VULTO DE UM ARVOREDO... O SOLO, COBERTO DE MATÉRIAS
ENEGRECIDAS E FÉTIDAS, ERA IMUNDO, PASTOSO, ESCORREGADIO, REPUGNANTE! O AR PESADÍSSIMO,
ASFIXIANTE, GELADO, ENOITADO... E, AO RESPIRAREM-NO, OS ESPÍRITOS SUFOCAVAM-SE
COMO SE MATÉRIAS NOCIVAS LHES INVADISSE AS VIAS RESPIRATÓRIAS” “NÃO HAVIA ENTÃO ALI,
COMO NÃO HAVERÁ JAMAIS, NEM PAZ, NEM CONSOLO, NEM ESPERANÇA; TUDO EM SEU ÂMBITO
MARCADO PELA DESGRAÇA ERA MISÉRIA, ASSOMBRO, DESESPERO E HORROR” “O VALE DOS LEPROSOS,
LUGAR REPULSIVO DA ANTIGA JERUSALÉM DE TANTAS E EMOCIONANTES TRADIÇÕES, E QUE
NO ORBE TERRÁQUEO EVOCA O ÚLTIMO GRAU DA ABJEÇÃO E DO SOFRIMENTO HUMANO, SERIA
CONSOLADOR ESTÁGIO DE REPOUSO COMPARADO AO LOCAL QUE TENTO DESCREVER” “AQUI, ERA A DOR QUE
NADA CONSOLA, A DESGRAÇA QUE NENHUM FAVOR AMENIZA... NÃO HÁ CÉU, NÃO HÁ LUZ,
NÃO HÁ SOL, NÃO HÁ PERFUME, NÃO HÁ TRÉGUAS! O QUE HÁ É O CHORO CONVULSO E
INCONSOLÁVEL DOS CONDENADOS QUE NUNCA SE HARMONIZAM! O QUE HÁ É A RAIVA
ENVENENADA DAQUELE QUE JÁ NÃO PODE CHORAR... É A REVOLTA, A PRAGA, O INSULTO, O
ULULAR DE CORAÇÕES QUE O PERCUTIR MONSTRUOSO DA EXPIAÇÃO TRANSFORMOU EM FERA...
É O INFERNO, NA MAIS HEDIONDA E DRAMÁTICA EXPIAÇÃO... EXISTEM CENAS REPULSIVAS
DE ANIMALIDADE, PRÁTICAS ABJETAS DOS MAIS SORDIDOS INSTINTOS”“QUEM ALI
TEMPORARIAMENTE ESTACIONA, COMO EU ESTACIONEI, SÃO GRANDES VULTOS DO CRIME! É A
ESCÓRIA DO MUNDO ESPIRITUAL – FALANGES DE SUICIDAS... PROVINDAS, PREFERENCIALMENTE,
DE PORTUGAL, DA ESPANHA, DO BRASIL E COLÔNIAS PORTUGUESAS DA ÁFRICA” “ÀS VEZES, CONFLITOS
BRUTAIS SE VERIFICAVAM PELOS BECOS LAMACENTOS ONDE SE ENFILEIRAVAM AS CAVERNAS
QUE NOS SERVIAM DE DOMICÍLIO. INVARIAVELMENTE IRRITADOS, POR MOTIVOS
INSIGNIFICANTES NOS ATIRÁVAMOS UNS CONTRA OS OUTROS EM LUTAS CORPORAIS
VIOLENTAS... ...FUI INSULTADO, RIDICULARIZADO NOS MEUS SENTIMENTOS MAIS
CAROS... APEDREJADO E ESPANCADO, EU ME ATIRAVA A REPRESÁLIAS SELVAGENS...” “A FOME, A SEDE, O
FRIO ENREGELADOR, A FADIGA, A INSÔNIA; ... A NATUREZA COMO QUE AGUÇADA EM TODOS
OS SEUS DESEJOS E APETITES, QUAL SE AINDA TROUXÉSSEMOS O ENVOLTÓRIO CARNAL; A
PROMISCUIDADE, MUITO VEXATÓRIA, DE ESPÍRITOS QUE FORAM HOMENS E DOS QUE
ANIMARAM CORPOS FEMININOS...” “NÃO SABÍAMOS QUANDO
ERA DIA OU QUANDO VOLTAVA A NOITE, PORQUE SOMBRAS PERENES RODEAVAM AS HORAS QUE
VIVÍAMOS. PERDÊRAMOS A NOÇÃO DO TEMPO.” “IGUALMENTE
IGNORÁVAMOS EM QUE LOCAL NOS ENCONTRÁVAMOS, QUE SIGNIFICAÇÃO TERIA NOSSA
ESPANTOSA SITUAÇÃO” “PROCURÁVAMOS ENTÃO
FUGIR DO LOCAL MALDITO PARA VOLTARMOS AOS NOSSOS LARES; E O FAZÍAMOS
DESABALADAMENTE, EM INSANAS CORRERIAS DE LOUCOS FURIOSOS! CORRENTES
IRRESISTÍVEIS, COMO IMÃS PODEROSOS, ATRAÍAM-NOS DE VOLTA AO TUGÚRIO SOMBRIO...” “COMO SE FANTÁSTICOS
ESPELHOS PERSEGUÍSSEM OBSESSORAMENTE NOSSAS FACULDADES, LÁ SE REPRODUZIA A
VISÃO MACABRA: - O CORPO A SE DECOMPOR SOB O ATAQUE DOS VIBRIÕES ESFAIMADOS...
NOSSO CORPO, QUE ERA CARCOMIDO LENTAMENTE, SOB NOSSAS VISTAS ESTUPEFATAS!” “DOIAM EM NOSSA
CONFIGURAÇÃO ASTRAL AS PICADAS MONSTRUOSAS DOS VERMES! ENFURECIA-NOS ATÉ À
DEMÊNCIA A MARTIRIZANTE REPERCUSSÃO QUE LEVAVA NOSSO PERISPÍRITO, AINDA
ANIMALIZADO E PROVIDO DE ABUNDANTES FORÇAS VITAIS, A REFLETIR O QUE SE PASSAVA
COM O SEU ANTIGO ENVOLTÓRIO LIMOSO” 1.PERIODICAMENTE,
SINGULAR CARAVANA VISITAVA O VALE; 2. ERAM ESPÍRITOS QUE ESTENDIAM A
FRATERNIDADE ATÉ AQUELE LOCAL DE SOFRIMENTO; 3. VINHAM À PROCURA DAQUELES QUE
JÁ ESTAVAM EM CONDIÇÕES DE SEREM SOCORRIDOS; 4. TRAJAVAM-SE DE BRANCOS E
APRESENTAVAM-SE EM COLUNAS RIGOROSAMENTE DISCIPLINADAS; 5. SENHORAS FAZIAM
PARTE DA CARAVANA; 6. PEQUENO PELOTÃO DE
LANCEIROS E MILICIANOS PROTEGIAM OS VISITADORES; 7. ENTRAVAM NAS CAVERNAS E
EXAMINAVAM OS HABITANTES; 8. RETIRAVAM OS QUE ESTAVAM EM CONDIÇÕES DE RECEBEREM
O AUXÍLIO; 9. COLOCAVAM-NOS EM MACAS; 10. VOZ GRAVE COMANDAVA A OPERAÇÃO,
CHAMANDO OS PACIENTES OU INDICANDO AS CAVERNAS ONDE SE ENCONTRAVAM. 1.AS MACAS ERAM
TRANSPORTADAS CUIDADOSAMENTE E ABRIGADAS NO INTERIOR DE GRANDES VEÍCULOS; 2.
ESSES COMBOIOS SE COMPUNHAM DE PEQUENAS DILIGÊNCIAS ATADAS UMA ÀS OUTRAS; 3.
PERSIANAS MUITO ESPESSAS IMPEDIAM AO PASSAGEIRO VER POR ONDE TRANSITAVA. “... INGRESSAR ALI JÁ
SERÁ ESTAR O DELINQUENTE MAIS OU MENOS AMPARADO, PORQUE SOB NOSSA ASSISTÊNCIA E
VIGILÂNCIA, EMBORA OCULTA, REGISTRADO NOS ASSENTAMENTOS DA COLÔNIA COMO
CANDIDATO A FUTURA HOSPITALIZAÇÃO” “NO HOSPITAL MARIA DE
NAZARÉ O ENFERMO, RODEADO DAS EMANAÇÕES MENTAIS REVIVIFICANTES DE SEUS
TUTELARES E DIRIGENTES, VISITADOS POR ONDAS MAGNÉTICAS SALUTARES E GENEROSAS,
QUE VISAVAM A BENEFICIÁ-LO, DEVERIA AUXILIAR O TRATAMENTO CONSERVANDO-SE
SILENCIOSO, SEM JAMAIS SE ENTRETER EM CONVERSAÇÕES DE ASSUNTOS PESSOAIS”. PÁG.
77 “NO DIA IMEDIATO AO DA
NOSSA INTERNAÇÃO NO MAGNO INSTITUTO DO ASTRAL, PASSAMOS A SER DIARIAMENTE
LEVADOS AOS GABINETES CLÍNICO-PSÍQUICOS ONDE ERA MINISTRADO TRATAMENTO
MAGNÉTICO MUITO EFICIENTE... AS REGIÕES JÁ CITADAS DO MEU PERISPÍRITO RECEBERAM
SONDAGENS DE LUZ, BANHOS DE PROPRIEDADES MAGNÉTICAS, BÁLSAMOS QUINTESSENCIADOS,
INTERVENÇÕES DE SUBSTÂNCIAS LUMINOSAS EXTRAÍDAS DOS RAIOS SOLARES”. PÁG. 116 e
80 “ENTRE OS ESFORÇOS QUE
NOS SUGERIAM EMPREENDER, DESTACAVA-SE O EXERCÍCIO DA EDUCAÇÃO MENTAL NO TOCANTE
À NECESSIDADE DE VARRER DAS NOSSAS IMPRESSÕES O DRAMÁTICO E APAVORANTE HÁBITO,
TORNADO TREJEITO NERVOSO E ALUCINADO, DE NOS SOCORRERMOS A NÓS PRÓPRIOS, NA
ANSIA CONTUMAZ DE NOS ALIVIAR-NOS DO SOFRIMENTO FÍSICO QUE O GÊNERO DE MORTE
PROVOCARA”. PÁG. 118/119 “O QUE NÃO NOS
DEIXAVAM DÚVIDAS, POR SE IMPOR À EVIDÊNCIA, ERA QUE ATRAVESSAVAM NOSSO
PENSAMENTO COM OS PODERES MENTAIS QUE POSSUIAM, DEVASSAVAM NOSSO CARÁTER,
EXAMINANDO NOSSA PERSONALIDADE MORAL A FIM DE DELIBERAREM SOBRE A CORRIGENDA
MAIS ACERTADA... NOSSOS MENORES ATOS PRETÉRITOS VOLTAVAM DOS PÉLAGOS TREVOSOS
EM QUE JAZIAM PARA SE AVIVENTAREM À NOSSA PRESENÇA, NITIDAMENTE IMPRESSOS EM
NÓS MESMOS!... PÁGS. 117/118” “EXISTIA EM CADA
DORMITÓRIO CERTO APARELHAMENTO DELICADÍSSIMO, ESTRUTURADO EM SUBSTÂNCIAS
ELETROMAGNÉTICAS, QUE, ACUMULANDO POTENCIALIDADE INAVALIÁVEL DE ATRAÇÃO,
SELEÇÃO, REPRODUÇÃO E TRANSMISSÃO, ESTAMPAVA EM REGIÃO ESPELHENTA, QUE LHE ERA
PARTE INTEGRANTE, QUAISQUER IMAGENS E SONS QUE BENÉVOLA E CARIDOSAMENTE NOS
FOSSEM DIRIGIDOS...” PÁGS. 83/84 “... ÉRAMOS
IMEDIATAMENTE INFORMADOS POR LUMINOSIDADE REPENTINA, QUE, TRADUZINDO O BALBUCIO
DA ORAÇÃO, REPRODUZIA TAMBÉM A IMAGEM DA PERSONALIDADE OPERANTE... ... PESSOAS
A QUEM NEM SEMPRE DISTINGUÍRAMOS COM AFEIÇÃO E DESVELO SE APRESENTAVAM FREQUENTEMENTE
AO ESPELHO MAGNÉTICO, ENQUANTO OUTRAS, QUE DE NOSSOS CORAÇÕES OBTIVERAM AS
MÁXIMAS SOLICITUDES, RARAMENTE MITIGAVAM AS ASPEREZAS DA NOSSA ÍNTIMA SITUAÇÃO
COM AS BLANDÍCIAS SANTIFICANTES DA PRECE!” “O SEGUNDO
ACONTECIMENTO QUE, A PAR DO QUE ACABAMOS DE NARRAR, IMPÔS-SE MARCANDO ETAPA
DECISIVA EM NOSSOS DESTINOS, TEVE INÍCIO NO HONROSO CONVITE QUE RECEBEMOS DA
DIRETORIA DO HOSPITAL PARA ASSISTIRMOS A UMA REUNIÃO ACADÊMICA, DE ESTUDOS E
EXPERIMENTAÇÕES PSÍQUICAS.” “ENTRETANTO, O QUE MAIS SURPREENDIA ERA QUE,
NA TELA FOSFORESCENTE A QUAL SE LIGAVA, IAM-SE REPRODUZINDO AS CENAS EVOCADAS
PELO PACIENTE, FATO EMPOLGANTE QUE A ELE PRÓPRIO, COMO A ASSISTÊNCIA, FACULTAVA
A POSSIBILIDADE DE VER, DE PRESENCIAR TODO O AMARO DRAMA QUE PRECEDEU O SEU ATO
DESESPERADOR.... ENQUANTO O PRIMEIRO OPERADOR AUXILIAVA O PACIENTE A EXTRAIR AS
PRÓPRIAS RECORDAÇÕES, O SEGUNDO COMENTAVA-AS EXPLICANDO OS ACONTECIMENTOS EM
TORNO DO SUICÍDIO, ANTES E DEPOIS DE CONSUMADO...” PÁG. 124 “NOS DIAS SUBSEQUENTES,
DURANTE AS MESMAS REUNIÕES FOMOS LEVADOS A EXAMINAR, COM MINÚCIAS PENOSÍSSIMAS,
OS ATOS ERRÔNEOS PRATICADOS NO TRANSCURSO DA EXISTÊNCIA QUE HAVÍAMOS DESTRUÍDO,
OBSERVANDO O EMARANHADO DE PREJUÍZOS MORAIS, MENTAIS, EDUCATIVOS, SOCIAIS,
MATERIAIS QUE NOS ARRASTARAM AO DETESTÁVEL RESULTADO A QUE CHEGÁRAMOS”. PÁGS. 128/129 “DEPOIS DE TÃO
COMPLEXOS EXAMES VOLTÁVAMOS A NOVAS REUNIÕES A FIM DE APRENDERMOS COMO DE
PREFERÊNCIA DEVÍAMOS TER AGIDO PARA EVITAR O SUICÍDIO, QUAIS DEVERIAM TER SIDO
OS ATOS DIÁRIOS, OS EMPREENDIMENTOS, PARA NÃO NOS AFASTARMOS DO RACIOCÍNIO
INSPIRADO NO DEVER, NA FÉ EM NÓS MESMOS E NO PATERNAL AMOR DE DEUS!... ESSAS
INSTRUÇÕES REPETIAM-SE BISSEMANALMENTE HAVENDO OS DIGNOS MENTORES A ELA
ADICIONADO PROVEITOSAS PALESTRAS ELUCIDATIVAS”. PÁG. 129/130 “DE HÁ MUITO DEVERA EU
TER VOLTADO À REENCARNAÇÃO. NO VASTO DORMITÓRIO DO INTERNATO DE CIDADE
ESPERANÇA, ONDE HABITO DESDE OS ALVORES DO ANO DE 1910, SO EXISTEM “NOVATOS”.
REPARTO-ME ENTRE AS TAREFAS DO HOSPITAL E VARIADAS OUTRAS INCUMBÊNCIAS AO MEU
ALCANCE, TANTO NA CROSTA DO PLANETA COMO NO PERÍMETRO DE NOSSA COLÔNIA, ÚNICOS
LIMITES EM QUE PODEREI TRANSITAR ENQUANTO NÃO APRESENTAR À GRANDE LEI OS
TESTEMUNHOS DEVIDOS...” “... O RUBOR ME COBRE
AS FACES SEMPRE QUE, PELAS ALAMEDAS PITORESCAS DA CIDADE, ME ENTRECRUZO COM
ANIBAL DE SILAS, EPAMINONDAS DE VIGO E SOURIA OMAR, OS QUAIS HÁ MUITO ME
DISPENSARAN DE SUAS AULAS, ATÉ QUE, COM A EXPERIÊNCIA DO RENASCIMENTO, POSSA EU
DIGNAMENTE PROVAR OS VALORES ADQUIRIDOS... TOMEI A RESOLUÇÃO INADIÁVEL: -
SEGUIREI AMANHÃ PARA O DEPARTAMENTO DE REENCARNAÇÃO, A CAMINHO DO RECOLHIMENTO,
PARA TRATAR DO ESBOÇO CORPORAL FÍSICO-TERRENO... ... HEI DE CEGAR AOS QUARENTA
ANOS... ...DAR-SE-Á A MINHA LIBERTAÇÃO DOS LIAMES FÍSICO-TERRENOS AOS SESSENTA
ANOS DE IDADE”. PÁGS. 546, 558,
Olá, meus irmãos e irmãs. No texto abaixo, temos o
relato impressionante de um irmão que cometeu suicídio, e que, após muitos anos
de sofrimento, pôde, finalmente, ser resgatado daquele vale de dor, e trazer
para todos nós essas valiosíssimas lições sobre a imortalidade da alma. Esse
irmão é Camilo Castelo Branco, poeta português, que tirou a própria vida por
ter ficado cego. Por desconhecer sobre a continuidade da vida após a morte, e
as sérias consequências que esse ato insano pode oferecer ao espírito de um
suicida, ele tomou essa decisão terrível, que o levou aos sofrimentos que ele
mesmo vem narrar para todos nós.
Por tudo isso, jamais
enveredemos por esse caminho de muita dor e sofrimento, que perdura por longos
e longos anos, achando que tudo se encerra com a morte do corpo físico. A vida
do espírito é infinita. Somos mortais apenas nos corpos físicos que usamos como
instrumento de aperfeiçoamento de nossos espíritos. Já habitamos vários corpos
no passado remoto, estamos habitando mais um, agora, e com certeza habitaremos
outros em um futuro próximo. E assim será até que, em algum momento, estaremos
evoluídos o suficiente para não precisarmos mais deles. Confiram o relato.